Desde que fora traído por sua ex-namorada com seu melhor amigo, ele fechara seu coração para o amor. A dor da traição o transformara em alguém cínico e desapegado. Em suas horas vagas, Marco vivia como um playboy. Seus dias de folga eram preenchidos com festas luxuosas, mulheres passageiras e manchetes escandalosas nos jornais, manchando o nome da família Bezerra. Embora fosse extremamente responsável no trabalho, sua vida desregrada fora do escritório preocupava profundamente seu avô, Augusto Bezerra.
Augusto, patriarca da família, era o verdadeiro dono de todas as empresas. Ele construíra o império do zero, enfrentando dificuldades inimagináveis. Era um homem de princípios rígidos e um senso de responsabilidade inabalável. Augusto sabia que Marco tinha potencial para ser um líder ainda maior do que ele próprio, mas a postura destrutiva do neto fora do ambiente corporativo era inaceitável.
Foi então que Augusto decidiu tomar uma atitude drástica. Ele estabeleceu uma condição para que Marco pudesse assumir o controle total das empresas: ele precisava se casar.
- Você é brilhante no trabalho, Marco, mas não é suficiente. Um homem no seu lugar precisa de equilíbrio, de estabilidade. Você precisa de uma esposa - declarou Augusto com firmeza.
Marco riu, incrédulo.
- Um casamento? Isso é uma piada, vô?
- Não, não é. E eu já escolhi a pessoa certa.
Marco sentiu o sangue ferver. Ele não queria se comprometer com ninguém, muito menos com um casamento arranjado. Mas Augusto era inflexível.
- Não se trata apenas de você, Marco. Trata-se do legado da nossa família. Se você quer ser presidente das empresas, vai ter que provar que é capaz de honrar esse nome.
A escolha de Augusto não fora aleatória. Ele sabia exatamente quem poderia ajudar Marco a reencontrar um caminho mais sólido: Clara Almeida.
Clara era uma jovem humilde, mas com uma força que poucos possuíam. Desde a morte de seu pai, ela lutava para manter a casa e pagar uma dívida significativa que ele deixara. Seu pai, antes de falecer, enviara uma carta a Augusto, pedindo ajuda para Clara. Augusto nunca esquecera o pedido do amigo de juventude, e agora via a chance perfeita de cumprir sua promessa.
- Clara é a mulher certa para você, Marco. Ela é honesta, trabalhadora e tem um coração puro. E você, mesmo que não perceba agora, precisa de alguém como ela.
Marco revirou os olhos. Para ele, casamento era apenas um contrato. Ele não acreditava mais no amor e não pretendia se abrir para ninguém. No entanto, o ultimato de Augusto era claro: sem casamento, não haveria presidência.
Quando Clara foi chamada para ouvir a proposta, ficou em choque. Casar-se com um homem que ela mal conhecia, apenas para resolver seus problemas financeiros, parecia surreal. Mas a promessa de 100 mil dólares após um ano de casamento era uma solução que ela não podia ignorar.
- Você está dizendo que eu preciso assinar um contrato de casamento? - perguntou Clara, incrédula.
- Sim - respondeu Augusto. - Sei que parece estranho, mas é uma oportunidade para ambos.
O contrato era rigoroso. Incluía uma cláusula específica que proibia Marco de trair Clara durante o período do casamento. Augusto sabia que Marco tinha um histórico de relações passageiras, e queria garantir que Clara não fosse humilhada.
Quando Marco e Clara se encontraram pela primeira vez, a tensão era palpável. Ele, frio e calculista, parecia vê-la apenas como um meio para alcançar seus objetivos. Ela, por sua vez, enxergava nele um homem quebrado, escondido atrás de uma fachada de arrogância.
- Isso é só um contrato - disse Marco, com desdém. - Não espere mais nada de mim.
Clara ergueu o queixo, determinada.
- Não espero nada de você, Marco. Só quero cumprir minha parte do acordo.
Com a assinatura do contrato, o destino de ambos foi selado. O que começou como uma aliança de conveniência logo se tornaria uma jornada cheia de desafios, emoções inesperadas e talvez, contra todas as probabilidades, uma chance de cura para os dois.
Enquanto Marco acreditava que estava apenas cumprindo uma exigência, e Clara pensava que estava apenas comprando sua liberdade, o destino, como sempre, tinha outros planos.