O sol ainda não havia nascido quando Ethan abriu os olhos, sentindo o frio da madrugada penetrar pelo vão da janela. O cheiro da terra molhada, misturado com a brisa fresca da manhã, fazia com que ele se sentisse vivo. O canto distante dos galos anunciava que mais um dia de trabalho no interior começava. Com um suspiro profundo, ele se levantou da cama simples, que rangia levemente ao seu movimento. Vestiu uma camiseta surrada e calçou seu velho chinelo, que já conhecia os caminhos de terra da roça como a palma da mão. A luz ainda era fraca, mas Ethan sabia que o dia prometia ser longo.
Ele se espreguiçou, tentando espantar o sono, e deu uma olhada ao redor do quarto. As paredes eram adornadas com desenhos que ele mesmo fizera, retratando animais e cenas da roça. Cada um deles contava uma história, uma lembrança da infância. Na cozinha, sua mãe já estava de pé, preparando o café da manhã. O aroma do pão assando misturava-se com o cheiro forte do café fresco, despertando as esperanças de um novo dia. "Bom dia, meu filho," ela disse, com um sorriso cansado, mas caloroso. "Prepare-se, hoje será um dia puxado." Ethan respondeu com um aceno de cabeça, pegando uma fatia de pão e mergulhando-a no café. Ele adorava esses momentos simples, onde o carinho da mãe se refletia nas pequenas coisas. Assim que terminaram o café, ele e seu pai saíram para a roça. No campo, seu pai já estava lá, cortando capim para as vacas, a luz do sol começando a iluminar o horizonte. "Vamos, Ethan! O dia não espera!" seu pai gritou, com a voz firme, mas cheia de amor. Ethan se juntou a ele, pegando a máquina de cortar capim e sentindo a vibração da ferramenta em suas mãos. O som do motor se misturava ao canto dos pássaros e ao sussurro do vento entre as folhas. Enquanto trabalhava, Ethan observava os animais que rodeavam a pequena propriedade. As vacas, com seus olhos grandes e expressivos, pareciam entender a importância do trabalho deles. Ele amava aqueles seres que dependiam dele e de sua família. O aconchego daquela vida simples, apesar das dificuldades, o fazia sentir-se em casa. O céu começava a clarear, pintando-se de tons alaranjados e dourados, quando Ethan, suado e satisfeito, terminou de cortar o capim. Ele parou por um instante, respirando fundo, admirando a beleza do campo ao seu redor. As flores silvestres dançavam ao vento, e os raios de sol filtravam-se pelas copas das árvores, criando um cenário quase mágico. Depois de alimentar as vacas, os porcos e as galinhas, Ethan tomou um banho frio sob a mangueira do quintal. A água gelada o reanimou para o dia que estava por vir, e ele se sentiu revigorado. Ele sabia que, após o café da manhã, teria que caminhar três quilômetros até a escola, com apenas um caderno e um lápis na mão, sonhando com um futuro melhor. Enquanto se preparava, sua mãe entrou na cozinha novamente, agora com um sorriso mais largo. "Ethan, não se esqueça de levar o lanche," ela disse, colocando um pedaço de bolo sobre a mesa. Era uma tradição familiar, um pequeno agrado que tornava a rotina mais doce. Ele agradeceu, sentindo-se grato pela atenção e pelo amor que transparecia em cada gesto. Com um abraço apertado, partiu em direção à escola, seu coração leve, apesar dos desafios que sabia que enfrentaria. Ao longo do caminho, Ethan pensava em seus amigos. Alguns o apoiavam, mas havia aqueles que zombavam de seu jeito simples e rural. Mas ele não se deixava abater. O amor por sua família e o desejo de um futuro diferente o impulsionavam a seguir em frente, mesmo com as pedras que surgiam pelo caminho. E assim, com o vento batendo em seu rosto, o cheiro da terra fresca nos pulmões e os sonhos pulsando em seu peito, Ethan caminhou em direção à escola, determinado a enfrentar mais um dia.