Ele não era só o amigo do meu irmão. Não era apenas o atleta bem-sucedido que passava horas jogando hóquei, ou o cara com aquele sorriso encantador que todos ao redor adoravam. Lucas tinha algo mais, algo que eu não podia explicar. A maneira como ele me olhava, como se eu fosse mais do que a simples irmã do melhor amigo. Ele via algo em mim. E era isso que me fazia perder o controle.
Nos dias em que meu irmão estava fora, eu o via com mais frequência. Ele sempre estava por perto, seja assistindo a um jogo ou simplesmente conversando com meu pai na sala de estar. Mas quando ficávamos sozinhos, sem a presença do meu irmão, algo acontecia. Ele me olhava com uma intensidade que me fazia tremer. E eu sabia, eu sabia que não devia sentir isso. Ele era o amigo de meu irmão. Ele não me via dessa forma.
Naquela tarde quente de primavera, a casa estava silenciosa, exceto pelo som do ventilador que girava preguiçosamente. Eu estava sentada na mesa da cozinha, folheando meus livros de anatomia e tentando manter a concentração, mas algo em minha mente se recusava a focar. Algo que tinha nome, algo que me tirava do eixo sempre que Lucas estava por perto.
Ele entrou pela porta da frente, como sempre fazia, com aquele sorriso no rosto, como se o mundo fosse um lugar para ser conquistado. Meu irmão não estava em casa, e por algum motivo, isso fez meu coração acelerar. Eu sabia que, se fosse só eu e ele, as coisas poderiam se tornar... diferentes.
"Estudando muito?", Lucas perguntou, com o tom de voz baixo e curioso. Ele estava parado ao lado da mesa, olhando para os livros que estavam espalhados por toda parte.
"Sim", respondi, tentando manter a calma. "Preciso me preparar para o vestibular."
"Você é muito focada, Isa", ele disse, seus olhos observando cada movimento meu, como se estivesse absorvendo mais do que eu gostaria de mostrar. "Mas acho que você também precisa relaxar um pouco."
Eu ri nervosamente. "Relaxar não é para mim. Tem muita coisa para fazer."
Ele se sentou na cadeira ao lado da minha, mais perto do que o normal. Eu sentia a presença dele como uma pressão no ar, uma carga elétrica que me fazia querer fugir, mas ao mesmo tempo, me atraía irresistivelmente.
"Eu já vi você relaxando", ele disse, com um sorriso misterioso, "Mas talvez você só precise de alguém para te mostrar como."
Eu não sabia o que dizer. Aquela frase me abalou de uma maneira que eu não sabia como lidar. Eu estava em um território desconhecido, onde a razão já não tinha controle sobre mim. Lucas tinha algo sobre ele, algo que me fazia querer me perder. Mas eu não podia. Eu não poderia me permitir.
Ele se inclinou para a frente, seus olhos fixos nos meus, e, por um instante, o mundo à minha volta desapareceu. Só restaram ele e eu, e o desejo que, sem querer, ele havia despertado em mim.
"Você sente isso também, não sente?", ele perguntou, a voz suave, mas carregada de uma intensidade que eu não conseguia ignorar. "Eu vejo no seu olhar. Você não pode esconder."
Eu engoli em seco, o coração batendo mais rápido a cada palavra que ele falava. Eu sabia que aquilo era errado. Ele era o amigo do meu irmão. Ele não deveria ser meu. Mas o que eu estava sentindo agora? Esse calor, esse desejo... eu não sabia mais o que fazer com ele.
"Eu...", minha voz falhou. "Não sei do que você está falando."
Mas ele sabia. Lucas sabia exatamente o que estava acontecendo. E, de alguma forma, eu também sabia. O desejo estava ali, evidente, e, talvez, irreversível.
Ele sorriu, com uma leveza que contrastava com a tensão que eu sentia. "Não precisa dizer nada. Eu já sei."
E naquele momento, o mundo parou. O relógio da parede, o som do ventilador, tudo desapareceu. Só restaram nossos olhares. Só restou o desejo que crescia, cada vez mais forte, entre nós.
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