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Escolhido do Rei

Escolhido do Rei

3.5
6 Capítulo
37 Leituras
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Sinopse

Índice

Em um mundo à beira da extinção, monstros implacáveis ameaçam a humanidade. A esperança surge na forma de Djins, adoráveis criaturas que se assemelham a animais e escolhem humanos para lutar ao seu lado. Xangô, um homem simples com um grande amor pelos Djins, se junta à luta, acreditando que a humanidade ainda pode ser salva. Quando a vida o leva de volta ao passado, para a época de sua infância, antes da ascensão dos monstros, ele vê a chance de mudar o futuro. Motivado por um desejo inabalável de proteger o futuro dos homens, Xangô faz uma promessa solene: tornar-se o mais forte dos guerreiros. Através de árduo treinamento e determinação inabalável, ele embarca em uma jornada para garantir a sobrevivência da humanidade e dos seus amados Djins. Nesta história de heroísmo, amizade e esperança, Xangô enfrenta desafios inimagináveis e inimigos implacáveis. Sua luta o levará ao limite, testando sua força física e mental. Prepare-se para ser transportado para um mundo de fantasia moderna, onde o bem e o mal se chocam em uma batalha pelo futuro. Acompanhe Xangô em sua jornada e descubra se ele será capaz de superar as probabilidades e salvar o mundo da destruição total.

Capítulo 1 Aquele chamado Xangô

Engraçado. Quando sua vida está terminando, realmente passa um filme na sua cabeça. Sempre achei besteira quando falavam isso, mas agora que meu sangue flui como a água, me sinto um idiota por ter duvidado disso. Meu nome é Xangô. Eu vivi uma vida de arrependimentos, mas como se faz todos os dias, eu continuei seguindo em frente. Você pode achar que esse é um nome grandioso para um homem que está se afogado no próprio sangue, mas a escolha dele foi de caso pensado, por mim.

Meu nome original, aquele que me foi escolhido por meus progenitores, era Arthur. Fui um órfão que não lembra nada sobre aqueles que me colocaram no mundo, e sinceramente, eu não poderia me importar menos. A vida que vivi me fez remoer ódio por muito tempo, mas hoje é apenas indiferença. Cresci em um orfanato, uma vida desgraçada em um lugar desgraçado para uma criança. Não quero insinuar que todas as Instituições de acolhimento são péssimas, são de fato indispensáveis, mas o abrigo "Leão de Judá" era um lugar especial. Era um orfanato que poderia facilmente personificar tudo o que há de ruim nesse tipo de ambiente.

Fui muito maltratado naquele lugar: pelos adultos, pelas crianças, mas principalmente pela diretora. Você pode pensar que após conseguir sair daquele lugar tudo iria ficar melhor, mas você está enganado. Primeiro, eu nunca fui adotado, não sei dizer o motivo, vez ou outra aparecia alguém que queria iniciar o processo, mas acabava escolhendo outra criança. Segundo, porque um desastre aconteceu ao orfanato antes que a minha maioridade chegasse.

Monstros começaram a aparecer para todo o lado. Sim, você não entendeu errado: Monstros, como naquelas histórias de fantasia. Os Monstros se assemelhavam, no início, à animais comuns, mas que claramente estavam descolados da realidade da fauna local. Imagine no Brasil, que é onde estou nutrindo o solo com o meu sangue no momento, se os ursos começassem a surgir, ou quem sabe, lobos ou leões. Isso seria algo que deixaria os Biólogos e o próprio Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) malucos, mas foi o que aconteceu. Eles não eram como os animais normais, eram mais ferozes e vorazes. Atacando e destruindo tudo o que ficasse em seu caminho.

Claro que não demorou para os países, mesmo o Brasil, espedirem forças de contenção dessas criaturas. No Brasil, a Guarda Nacional foi colocada para o extermínio deles, no Pantanal, que foi onde esses animais surgiram primeiro, mesmo sob os protestos de algumas ONGs e do Ibama. Quem poderia culpá-los? Todos pensavam que aquelas eram criaturas que fugiram de um cativeiro ilegal na região, mas tudo mudou quando parte da força nacional foi massacrada. A mídia e a internet entraram em pânico quando a maioria dos soldados perdeu sua vida. Claro, eles conseguiram sim conter os animais, mas as perdas foram enormes.

Você agora pode pensar: "Ah, Brasil, né, não temos capacidade nem para conter alguns animaizinhos", mas devo dizer para você, meu País não foi o único que sofreu duras baixas. Mesmo a China e os EUA tiveram perdas irreparáveis. Alguns dos sobreviventes diziam que aqueles animais pareciam possuídos; as balas não penetravam direito a pele, e mesmo à beira da morte, eles não fugiam, continuavam atacando. Meses se passaram e então outra vez, animais estranhos apareceram, no entanto, por todo o país.

A força nacional ainda estava se recuperando das baixas, por isso estavam resistentes a irem para a luta. A presidente da época expediu uma ordem ao exército que foi enfrentar as criaturas imediatamente. O resultado foi muito pior do que da primeira vez, pois havia a questão de que muito mais animais apareceram, mas também parecia que o generalato brasileiro tinha outras preocupações. Cargos e pensões eram as principais preocupações do exército brasileiro. Aumentar suas regalias, já absurdas, vinha primeiro; proteger a população viria depois, se houvesse tempo. Em alguns Estados, como o Ceará, o Mato grosso e mais uns dois, que não lembro agora, conseguiram conter esses animais. Nos outros, porém, a situação saiu completamente do controle, levando a perda de inúmeras vidas durante os ataques.

Foi na Segunda Onda que o orfanato onde eu vivia foi destruído, por volta de 2018, não importa agora. Sem teto e ainda adolescente, o que restou para mim, foi morar na rua. Sobrevivendo de migalhas e humilhações, como um portador de doença contagiosa. Com ajuda de boas pessoas, consegui achar um lugar para morar em um abrigo, mas era humilhado por um pedaço de pão e um banho frio. Havia um padre em São Paulo, suponho, que tratava os moradores de rua com certa dignidade, mas por fazer precisamente o que o deus que seguia ordenou, ele era tratado como um inimigo por pessoas repugnantes. Infelizmente para mim, eu vivia no Ceará, não podia me importar menos com o que acontecia em outro estado quando eu estava mergulhado na fossa.

Foi só quando me tornei um adulto que as coisas pareciam começar a melhorar para mim. Consegui um emprego em uma empresa de sapatos próxima, um trabalho desgraçado e exaustivo, mas eu consegui pelo menos sair daquele abrigo e alugar um quarto. Minha vida foi assim por anos, de casa para o trabalho e do trabalho para a casa, 8 horas por dia, 6 dias por semana. O lugar pagava muito mal e as pessoas de lá queriam que você se sentisse muito grato por darem o mínimo, como se estivessem fazendo algum tipo de favor.

Por volta do início de 2020, um aviso de evacuação foi dado na empresa. Monstros invadiram o lugar e estavam matando algumas pessoas no outro Galpão. A Polícia estava a caminho, mas ainda demorariam bastante para chegar. Nem preciso dizer que o caos se instaurou entre os funcionários, ninguém queria arriscar dar de cara com um monstro; então foi um Barata voa. Os funcionários correram para as saídas de emergência e foram ficando apinhados lá num empurra-empurra tentando fugir. Continuei parado onde eu estava, primeiro porque minhas pernas se recusavam a obedecer, e segundo porque seguir a maré seria ou morrer esmagado, ou morrer pelas garras desses animais que seriam atraídos pelo barulho.

As pessoas estavam fazendo mais barulho que as próprias máquinas, que já eram muito ruidosas. Não sei se você já visitou uma indústria ou viu em algum vídeo, mas asseguro que trabalhar por dois anos em um lugar barulhento pode afetar sua mente.

Quando finalmente minhas pernas começaram a obedecer, peguei uma das barras de ferro que usávamos para pendurar os rolos de material. Era um pouco pesado, mas servia perfeitamente como um bastão. Agora, o que eu precisava fazer era fugir pelo outro lado e rezar para nenhum animal aparecer no caminho.

- Oxóssi, meu Pai, me proteja! – orei, enquanto beijava um símbolo do Orixá caçador.

Enquanto passava pelo corredor por entre as máquinas, eu podia ver algumas pessoas correndo apavoradas, e foi quando um vulto grande de um cachorro passou por ali. Era enorme, talvez a metade da altura de um cavalo, mas alto o bastante para notar-se por cima das bancadas das máquinas de costura. Gritos vinham daquela direção, mas eu não consegui ver nada, porque a energia caiu naquele instante. Segundos depois, as luzes de emergência acenderam, e foi quando outro vulto, talvez maior que o primeiro, pulou na minha frente.

A pouca iluminação quase não me deixava ver nada, mas eu podia ver os brilhantes olhos vermelhos daquela coisa. Eles brilhavam intensamente, como a iluminação de um semáforo; seu rosnado era intimidador, mesmo sob o barulho ambiente das máquinas. Meu corpo inteiro tremia e o medo descia pela minha espinha, enquanto olhava para aquela coisa.

- Por que me abandonaste pai...? – choraminguei.

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