A noiva do meu irmão

- Voce está bem May? - Pergunta minha dama de companhia.

- Deveria? - Respondo seca.

Sofia não responde e nem deveria. Eu estava endurecida com as ideias de meu pai. Com a maldita ideia de casamento de meu pai. Eu não era uma princesa, eu nem ao menos desejava em ser uma princesa. Na verdade, eu odiava até ser uma nobre e agora vinha ele com essas ideias de baile junto de princesas e príncipes.

Bailes. eu não os suportava. Mas meu pai tentava me obrigar a ir em todos, ele comprava vestidos e vestidos, mandava as flores mais lindas e mais belas. E durante 3 longos anos, consegui me escapar, mas hoje não teria jeito.

- May! - Olho para trás e avisto meu pai com seu uniforme e com Stanley, um membro da sua guarda.

- Meu pai. - Viro-me para frente e volto a olhar o penteado feito por Sofi. E que na verdade estava uma graça de lindo, um coque feito com tranças que rodeava o meu rosto, deixava meus cabelos cor de fogo exuberantes. Olho novamente e faço uma careta - Stanley. - Ele me lança um sorriso tímido.

- Senhorita Whites. - Faz uma reverência. E eu por minha vez reviro o olho

Quando ele ia parar com isso?

- Filha querida. Seu vestido está aqui. O vista e Stanley a levará direto ao baile, sem rodeios ok? - Fala se aproximando de mim e põe as suas mãos em meus ombros. - Irei na frente. Tenho conversas com o rei. Por favor querida, não se finja de doente. E nem nada do tipo ok? Stanley não irá sozinho com Sofi. William irá junto.

droga. Merda. Ele sabe que Wiliam é o único que não cai em minhas mentiras. Maldito!

Meu pai me conhecia bem demais. Apesar de convivermos tão pouco, nossa conexão é de outro mundo. Ele sabia do meu medo de aparecer no mundo da nobreza, e respeitava. Mas sabia que se não arrumasse logo alguém para eu me casar, provavelmente seria roubada pelo governo depois de sua morte. Meu pai não era um homem velho, mas era sábio, estar como general e ser um dos maiores ricos, o deixava como presa fácil. E sabia que não tomasse uma atitude, eu acabaria em ruínas. Eu o amava, e tentava entender seu lado.

Meu pai beija minha testa, faz um aceno para Sofi e reverência para Stanley que sai logo atrás dele. Vejo Sofi por a caixa do vestido ali em cima e logo a abrir, a vejo contemplar o vestido e por algum tempo quis chorar junto dela, ela sentia o que eu senti a muito tempo atras: a vontade de ser alguém da nobreza.

- Ah, senhorita. - A vejo admirar o vestido. - Vai ficar lindo com o penteado. - A ouço suspirar.

Queria a abraçar, mas Sofi não era o tipo de pessoa que aceitava a pena de alguém. Ela era uma pessoa forte e que odiava parecer fraca talvez se eu falasse algo seria completamente angustiante para ela.

Sofi era uma empregada, quem me ajudava desde que vim morar aqui, a uns três anos atrás, quando meu padrasto descobriu que minha mãe mentia sobre minha origem e contou aos moradores da pequena vila que eu era filha do general Whites. Ele sabia que chegaria mais cedo ou mais tarde no general e que ele viria a meu encontro. Na época eu acho que ele queria dinheiro, ou talvez só queria se livrar de mim. Por incrível que parece seu plano deu certo, meu pai não demorou, 3 dias depois do ocorrido veio a meu encontro, trouxe milhares de guardas, e prometeu inforcar meu padrasto se algo acontecesse a minha mãe, ele ainda a amava. O que eles tiveram? eu não sei. Meu pai nunca comentou, e eu nunca perguntei, acho que isso era um daqueles assuntos que evitavam evidentemente falar.

Eu não me preocupava com o baile, eu achava. Mas não era um baile comum, e sim um baile de aniversário do príncipe. O príncipe herdeiro Nash, meu pai costumava falar em como gostaria que Nash não fosse o herdeiro, era um garoto e não homem para assumir o trono. Não que o rei fosse morrer amanhã e ele fosse assumir depois de amanhã, mas era preocupante deixar o nosso lar em mãos de um muleque. Nash não era o filho mais velho, mas era de sangue real, sangue puro como costumavam dizer. Ele tinha 4 irmãos, Finn o mais velho, Rae o do meio depois dele, e as gêmeas Arabella e Annalise.

Paro e olho para Sofi que ainda admira o vestido.

- Sofi! - Ela me encara. - Por que Finn não é herdeiro? Eu não entendo muito bem. Ele não é filho da mesma mãe que os outros? - Ela sorri pequeno. E balança a cabeça devia se perguntar porque eu estava tão curiosa sobre isso naquele momento. - Desculpe. Você está nesse mundo a mais tempo que eu com toda certeza e participa mais da vida social que eu também. - Me explico.

- Ah senhora. História complicada. Devia perguntar ao seu Pai. Ele saberia responder melhor. O que sei é apenas o basico: Finn perdeu a pureza do sangue depois de ter algo ruim. - Ela diz dando de ombros.

- Algo ruim? Seja mais específica. - Digo ficando mais curiosa.

- Nao sei bem o que é. Meu pai trabalhava no castelo na época, ele disse que ouviu rumores que era algo relacionado a amor. Acho que Finn se recusou a casar por interrese. Já meu irmão acha que ele matou alguém, ou talvez engravidou alguma mulher que não deveria. - Puxa o vestido da caixa o deixando em cima da cama. - Enfim, na época foi anunciado que o herdeiro Finn estaria deixando seu posto e passando para seu irmão, Nash, todos se chocaram na época, foi algo bastante perturbador. Nashi era conhecido por estar sempre bêbado nas festas e sempre andar com mulheres de bordéis. Rae era melhor opção em minha opinião. Parece mais culto e centrado.

- Ah entendo. - Digo me sentindo reprimida.

Olho para o vestido e sinto uma sensação de ansiedade invadir meu corpo. Eu estaria sendo apresentada a sociedade, e provavelmente todos os nobres, ricos estariam ali e eu por minha vez seria uma sardinha em um mar cheio de baleias: baleias amam comer sardinhas.