-Margô, venha tomar café! - Minha mãe me gritou lá de baixo, nós morávamos num lugar chamado Midcolly, não sei o porquê do nome, mas é aí que eu moro. Numa casa parcialmente grande, de dois andares e que dava pra ver um pouco da cidade pela janela do meu quarto. Resolvi descer então e minha mãe estava na cozinha me observando a descer com uma cara emburrada. - Que cara é essa garota? Até parece que tá indo num velório. - Velório não haha, um presídio só pode.
– Ah mãe, típica segunda-feira. Sabe como é né? Levantar cedo, ir pra aquele fim de mundo e sempre estudar as mesmas coisas. - Falei me sentando na cadeira e jogando as coisas pro chão.
– Filha você não pode falar assim da escola, lá é um colégio muito bom. – Ela falou preparando um prato com Ovos e bacon para mim. – afinal, é seu último ano, quem sabe não encontra um namoradinho, hein? – ela me falou com aquele olharzinho de lado, de que está planejando algo.
– namorado, mãe? – nem pensar.
Eu não estava pensando em namorar tão cedo. Não tinha tamanho nem cabeça para isso. De fato, eu tinha 17 anos mas um tamanho de 13, havia um metro e cinquenta e seus de altura, eu tinha longos cabelos ondulados loiros e uma feição de loirinha padrão. O que me difere delas, é que eu não sou mimada, nem riquinha. Ah e não tenho um namorado play boy, muito menos um papaizinho pra me mimar. Muito pelo contrário. Eu era uma garota super insuportável, gostava de zuar os caras feios da escola com a Michelle e com a Annya. Eu não mandava naquele lugar, mas eu colocava medo em qualquer um. Eu era conhecida como a Manda Chuva daquele lugar, só por diversão mesmo. Não faço bullying nem bato em ninguém, mas adoro zoar com os nerds, caçar briga com a Stella, uma garota super mimada do tipo que falei.
Michelle e Annya são minhas melhores amigas desde meus 7 anos. Nos conhecemos num ônibus , elas estavam roubando carteiras dos passageiros, e quando uma caiu no chão e quase descobriram elas, eu a peguei e entreguei a elas no final da corrida. Elas me agradeceram e desde então não nos desgrudamos mais. Annya não namora, ela é mais ou menos do meu tamanho, já a Michelle, é toda bombada e maromba. As vezes pensamos que ela é lésbica ou coisa do tipo, mas acreditem em mim: aquela garota é mais hétera do que tudo!
Enfim, fui saindo de casa logo após de dar tchau pra minha mãe e cheguei na escola. Michelle estava no portão me esperando, mas Annya não.
– Oi Colega, onde tava? Demorou isso tudo? - Michelle quase me amassou no abraço dos bíceps mais marombos dela.
– Acabei demorando por causa da minha mãe. - Falei me ajeitando depois de ter ficado igual a um sapo atropelado. - Cadê a piranha da Annya?
– Ah aquela estranha vai faltar hoje, avisou de última hora. O pai dela começou a passar mal, e a mãe dela levou ele para o hospital. Ela precisou ficar com a irmãzinha chatinha dela. - Michelle se justificou por ela.
- Ah sim, que pena. - Falei.- Mano, eu estou extremamente nervosa com Matheo. - Matheo era um nerdzinho ridículo de óculos que deixavam os olhos dele menor do que um átomo.
- nervosa com aquele nerdzinho filha da puta? Novidade. - ela ironizou. - por quê?
- Ele espalhou uma mentirinha minha no face tem dois dias. Geral acha que sou uma atriz pornô agora. - Falei nervosa
- QUÊ? - Ela cuspiu o chiclete que estava mascando - Cara isso foi pesado Margô, esse merdinha fez isso mesmo? E você não fez nada!?? - Ela ficou brava.
- O que posso fazer mulher? Ele literalmente enganou a todos. O máximo que posso fazer é sair gritando que era tudo mentira. - Sorri
- Não! O máximo que Nós podemos fazer é pegar ele e jogar do último andar do colégio. - ela falou ameaçando e pegando outro chiclete. O colégio tinha 5 andares, os últimos 2 eram faculdade e provas para vestibular e concursos.
Depois de tanto falar do Matheo, eu e Michelle entramos na sala de aula um pouco atrasadas, mas entramos.
- Senhoritas Michelle e Margô, poderiam me explicar o motivo do atraso de vocês? - a professora Andeline perguntou. Ela era a professora mais idiota dali. Sempre se fazendo de boazinha, mas era uma rude e estranha. Ela mesma estava querendo ficar com um dos alunos da escola. Mas parece que ele não se interessou e saiu da escola.
- Ah, estávamos conversando. - Eu falei calma.
- A conversa estava melhor que a aula? - Andeline fez uma pergunta que deixou geral da sala olhando para nós duas.
- Posso dizer que sim, professora. - Michelle respondeu, e eu logo calei a boca dela.
- Se eu não puder saber o assunto, peço que vão para a sala do diretor Rob imediatamente. - ela falou ameaçando.
- Se a gente não puder ficar caladas com nossos assuntos e sentar em nossas carteiras, a escola vai ficar sabendo de umas coisas sobre você, professora de merda. - eu falei cochichando bem do ladinho dela.
- sentem- se, por favor. - ela falou, e eu e Michelle nos locomovemos até nossas carteiras.
- Cara, o que você falou pra ela? - Michelle sussurrou.
- Apenas ameaças. - Falei dando aquele sorrisinho maroto.
A aula daquela merdinha havia acabado, e eu e Michelle fomos para o refeitório pegar alguma fruta, ou roubar lanche de alguém. Porém eu e ela passamos por dois corredores seguidos de gritos, como se tivessem famosos ali na porta da escola. Eu e Michelle fomos dar uma olhada, e eram dois rapazes extremamente atraentes e lindos. Não percebiam minha presença, e eu também não estava nem aí com a deles. Mas eles começaram a me encarar de um jeito muito esquisito, mas independente disso, eu e Michelle fomos para o refeitório, e ignoramos aquela situação, mesmo ela tendo me perguntado o que era aquilo e eu ter respondido um belo de um "não sei".
NOAH
Eu e meu irmão estávamos indo para a nova escola. Nem um pouco animados e surpresos para o que iria vir. Sabemos como todas as garotas ficam doidas ao verem dois gostosos fogosos por aí, e ainda mais, serem os filhos do chefe da máfia mais perigosa possível do estado.
- Pronto irmão para mais uma escola, e mais das mesmas coisas e chatices? - Perguntei
-Nem me fale. Não quero ir. - Mike respondeu.
- Ah parem disso meus amores, vai que dessa vez rola alguma coisa?Uma garotinha... - Nossa mãe Darla era realmente incrível, ela não era nossa mãe biológica, mas nosso pai vivia ocupado, e acabou que Darla cuidava de nós , na verdade ela era a que cuidava da casa, mas acabava que ela cuidava da gente mesmo, de tão carismática.
- Mané namorada o que, mãe. - falei
- quando a mãe fala, é porque vai acontecer. Esse ano ainda conheço minha futura nora!- ela falou entusiasmada. Só que não falamos nada, e saímos de casa.
O motorista era um cara legal, até daorinha. Conversava com a gente durante o percurso, até que chegou numa conversa extremamente chata.
- E aí brothers, a namorada arrumam quando? - ele falou enquanto dirigia - Não sei não hein, precisam de alguém pra dividir tudo, estou falando dos dois.
- ah não começa não , já não basta a Darla. - eu falei.
- Darla... - o motorista falou com uma voz estranha. Já sabíamos que ele gostava dela, mas dessa vez ficou bem evidente.
Chegando na escola, saímos do carro e veio aquele tumulto todo pra cima, não sabíamos quem eram aquelas pessoas, no caso... As garotas, e nem ficamos surpresos com aquele recebimento de novatos. Um monte de garotas pra cima da gente, pedindo pra ficar e etc., algumas eram até bonitinhas, até combinamos de sair, outras a gente tinha dó e pena. Eram todas fáceis demais cairiam fácil no nosso papo. Ao entrarmos naquela escola, que de perto parecia ser bem enorme, nós notamos uma coisa diferente. Era uma garota. Meio baixinha, bem padrão mas usava roupas largas e nos encarava com uma cara diferente das que estavam quase pulando pra cima de nós. Ela nos olhou e seguiu seu caminho.
- Cara , tu viu aquilo?- eu perguntei para Mike, e ele abanou a cabeça fazendo um sim.
- A menina nem deu bola pra gente. Como assim? - ele falou
- ahf, as vezes é só uma garotinha tentando chamar atenção sendo difícil. Vamos atrás dela.- eu falei puxando ele e deixando aquela multidão pra trás.Chegamos atrás dela, e eu a toquei
- Eai gatinha - Eu falei a tocando, e sem nem mais um movimento brusco ela me socou, saindo até sangue de meu nariz.
- Não. Me. Enconste. - ela falou pausadamente, como se estivesse me ordenando.
- Noah? Você está bem? - Mike me ajudou e logo em seguida se tomou pela frente - Está maluca garota? Socou meu irmão assim sem mais nem menos! - Mike falou me protegendo
- não soquei ele, isso aí foi só um aviso. Não gosto que garotos me toquem sem minha devida permissão, e uma de minhas regras é a seguinte: Você não me toca, e eu não te soco. Sacou? - Ela falou estourando a bola de chiclete enorme que ela tinha feito, aquela garota tinha um arzinho de descolada, e a amiga dela não parecia ser diferente, toda bombada. Incrível como uma baixinha daquela tão linda havia me deixado com o nariz sangrando e andava com uma bombada gigante.
- Aí garotos - a bombada que nem sabíamos o nome chamou-nos. - Antes de se meterem com nós duas, procurem informações sobre nosso trio aqui na escola. - ela falou puxando a amiga e indo para o lugar que estavam indo, nos deixando para trás sem nem mais um contato visual.
- aí irmão, tá tudo bem? - Mike me perguntou
- cara, eu estou ótimo. Depois dessa... Esse foi o melhor soco que já recebi. - eu falei e Mike me olhou com uma cara nojenta.
- não vai me dizer que já tá apaixonado? Ah qual foi mano, foi só a Darla falar. - realmente parece que a mãe tava certa, e quando ela fala acontece. - mas realmente... - ele concordou comigo.
- cara, essa garota mexeu comigo... - eu falei me colocando a andar - Depois vamos atrás dela... marca ela ok? Ela ainda vai ser nossa... - eu falei. - agora vamos procurar nossas salas.
MARGÔ
Não entendi o que aconteceu, aquele novato chega, ignora todas as abestadas padrões que estavam no portão pra vir me tocar? Qualquer um que me toca leva um soco de mim, e esse é o meu lema. O problema é que eles eram gatos demais, quase fiquei com dó de espancar o rostinho bonitinho deles e deixa-los deformados. Assim não iriam namorar... Se é que já não namoram. Eu estava muito na dúvida, eles nem olharam pra Michelle, geralmente todos os olhares são para ela, porque todo mundo que quer falar comigo pede sempre pra ela, nem sei porque, acho que é justamente pelo fato dela parecer minha guarda-costas.
- Mulher, você viu isso? - Michelle me cutucou - Parece que gamaram.
- Há, sai dessa. NÃO. - eu falei extremamente irritada - eles acham que podem chegar, causar tumulto e me tocar? - Eu estava incomodada. Nenhum garoto me toca. Eu odiei.
- Ah vamos Margô, as vezes você desenrola este ano. - Ela falou me trombando com o ombro e sorrindo logo após. Eu nem respondi, eu amo o jeito que Michelle fala comigo, ela consegue me animar. Depois do relacionamento que tive, Michelle e Annya me ajudaram a superar tudo. Nem tudo. Ainda há algumas coisinhas pra ajeitar...
MICHELLE
Fazer Annya e Margô felizes são basicamente duas tarefas que quero cumpri-las a todos momento. Annya é muito sentimental, e namora um cara babaca, mas ela não percebe isso. Já briguei com aquela garota um milhão de vezes, e ela nunca , NUNCA, me ouvia. Sempre ocupada mandando mensagens fofas para ele, e mal sabia ela que ele no off estava com outras mulheres. Isso porque peguei ele no flagra com uma garota maior que a Annya, e eles estavam simplesmente namorando na frente de todo mundo. O nome dele é Lee, e ele é um idiota. Eu falo pra ela e ela não acredita, sempre dizendo que isso só pode ser uma alucinação minha por gostar de ser amiga dela demais. Mas enfim. Hoje foi um dia extremamente complicado, Margô, estava aflita , eu conseguia ver aquilo em seu olhar. Ela não parecia ter gostado daquele garoto ter a tocado, e isso não era nada bom. Margô sofreu em um relacionamento abusivo, e estava superando aquilo até hoje. Ela não sofria pelo ex-namorado, mas pelo que fez. Antes dela namorar com esse escroto, ela era uma garota muito dócil e inocente. Depois que Marco a machucou, ela nunca mais foi a mesma. Ela mudou, me pediu ajuda pra mudar seu jeito de se vestir, seu jeito de falar, seu jeito de olhar para as pessoas e até fez questão de treinar GYM comigo, jiu jitsu, boxe e tudo. Ela me deixou claro que não queria nenhum homem a tocando, e se caso acontecesse, ela mesmo o socaria.
– Margô, você vai na Gym hoje? – Geralmente eu a chamava para desestressar, e a Gym é um ginásio que amamos ir todo fim de semana, mas hoje excepcionalmente, minha treinadora disse que estava livre, e que queria nossas companhia lá hoje.
– Ah, eu não sei, estarei um pouco ocupada hoje á tarde. Minha mãe quer que eu a ajude a olhar o Nataniel. – Ela falou um pouco nervosa. Nataniel é um considerado sobrinho dela. Ele é um bebê de 9 meses, e a mãe dela nunca tem tempo pra olhar crianças, então , a mãe dele paga a Margô pra olhar ele durante alguns dias.
– Ah que pena, quer ajuda? Eu chamo a Annya! – Eu falei com um sorriso entre os dentes, eu não sei sorrir, juro. Meu negócio é socar paredes.
– Pare de sorrir! – Ela riu – Você não é boa nisso! – Ela gargalhava quando eu me colocava a sorrir, eu realmente não era boa nisso.
Margô era difícil de agradar quando o assunto era homem, então eu nunca tocava nesse assunto. Tem uma coisa que eu não contei pra ela e nem pra Annya. Eu, uma mulher bombada tenho o meu "crush". É um garoto do 3° ano B. Ele não parece ser meu tipo. Geralmente quando me olham, pensam que gosto de garotos bombados da minha altura, mas aquele baixinho me deixava fraca com um olhar. Margô nunca soube meu estilo amoroso, até porque não foco nesse assunto. Na cabeça delas, eu só namoro comigo mesma.