Ana Ribeiro ajustou o vestido de seda vermelho que abraçava suas curvas com elegância. O brilho dos flashes das câmeras invadiu seus olhos assim que ela saiu da limusine, mas seu sorriso permaneceu impecável. Era uma noite de estreia, e ela era a estrela. O filme mais esperado do ano, "Corações em Fogo", estava prestes a ser exibido, e todos os olhares estavam voltados para ela. Ao caminhar pelo tapete vermelho, cumprimentou fãs e repórteres com sua habitual simpatia. Entretanto, por trás do sorriso reluzente, um medo persistente se escondia.
As cartas ameaçadoras começaram há dois meses, inicialmente ignoradas como um inconveniente comum da fama. Mas o tom delas se tornou mais sombrio e detalhado, culminando em uma ameaça explícita à sua vida. Dentro do teatro, enquanto a multidão se ajeitava em seus assentos, Ana encontrou um momento de solidão no camarim. Olhou seu reflexo no espelho, tentando encontrar a coragem que sempre a acompanhara. Uma batida suave na porta a tirou de seus pensamentos. "Está na hora, Ana," disse Carla, sua assistente pessoal, com uma voz preocupada. "E... ele está aqui." Ana respirou fundo. "Ele" era Lucas Vasconcelos, o guarda-costas que sua equipe insistira em contratar. Ela ainda não o conhecia pessoalmente, mas sua reputação o precedia. Um ex-policial com um histórico impecável, agora especializado em segurança privada. No lobby do teatro, Lucas observava cada movimento com olhos atentos. De estatura imponente e expressão séria, ele era uma figura que facilmente comandava respeito. A experiência lhe ensinara a reconhecer ameaças antes mesmo que se manifestassem. Quando Ana apareceu no corredor, Lucas deu um passo à frente. "Srta. Ribeiro," ele disse, sua voz grave mas educada. "Sou Lucas Vasconcelos. Estou aqui para garantir sua segurança." Ana o avaliou por um momento, notando a firmeza em seu olhar e a postura alerta. "Agradeço sua presença, senhor Vasconcelos. Espero que isso tudo não seja necessário, mas..." "Espero o mesmo," ele interrompeu gentilmente, mas com firmeza. "Mas não vamos correr riscos." Os próximos dias foram uma adaptação difícil. Lucas estava sempre presente, mantendo uma vigilância constante que Ana achava sufocante, mas necessária. Ele se movia como uma sombra, sempre perto o suficiente para intervir, mas distante o suficiente para respeitar sua privacidade. Uma noite, enquanto Ana revisava o roteiro para um novo filme em sua casa, o telefone tocou. Era Carla, sua voz trêmula do outro lado da linha. "Recebemos outra carta, Ana. E essa é diferente. Ele sabe onde você mora." Ana sentiu o sangue gelar. "Vou avisar Lucas," respondeu, tentando manter a calma. Lucas chegou rapidamente, sua expressão ainda mais sombria ao ler a carta. "Isso muda tudo," disse ele. "Preciso que siga meus protocolos de segurança à risca, Ana. Não podemos subestimar essa ameaça." Os dias seguintes foram um jogo de gato e rato. Lucas intensificou a segurança, enquanto a polícia continuava investigando sem grandes avanços. A tensão estava em cada esquina, mas algo mais começou a emergir. Nos momentos tranquilos entre uma medida de segurança e outra, Ana começou a ver o homem por trás da fachada rígida. Uma noite, após uma longa sessão de entrevistas, Ana se encontrou sentada no terraço de seu apartamento, observando as luzes da cidade. Lucas apareceu, silencioso como sempre, e parou a alguns passos dela. "Você deveria descansar," ele sugeriu, a voz suave mas firme. Ana sorriu, cansada. "Às vezes, é difícil desligar tudo." Ele se aproximou, ainda mantendo uma distância respeitosa. "Eu entendo. Mas estamos fazendo progresso. Vamos descobrir quem está por trás disso." Ela olhou para ele, vendo a determinação em seus olhos. Pela primeira vez, sentiu-se verdadeiramente segura. "Obrigada, Lucas. Por tudo." Ele assentiu, seu olhar suavizando-se por um momento. "Apenas fazendo meu trabalho." Enquanto a noite avançava, ambos ficaram ali, em um raro momento de tranquilidade compartilhada. E, sem perceber, as barreiras começaram a se desfazer, e uma conexão inesperada começou a surgir, nascida da necessidade de proteção e da luta contra um inimigo invisível.