Turista

Marina Castro

Eu tinha me formado no ensino médio e estava fazendo alguns trabalhos como costureira para pode ajudar minha mãe a pagar o cursinho do meu irmão.

O valor que minha mãe e meu pai recebiam não era suficiente para pagar um cursinho e eu quero muito dar ao meu irmão caçula a oportunidade que não tive.

Meu pai é taxista e minha mãe também é costureira. O que ganhamos não é muito, mas o suficiente para vivermos bem.

Eu também sinto dentro do meu coração e oro todas as noites para que consiga uma oportunidade para trabalhar como modelo. Após o ensino médio eu fiz um curso de designer de moda que é minha paixão e acredito que em breve estarei desenhando roupas incríveis e desfilando mundo a fora e não precisaremos contar as moedas dentro de casa.

- Mari, venha aqui - Ouço minha mãe chamando meu nome do lado de fora.

- Oi Mãe - Falo indo ao seu encontro.

- Veja isso - Ela fala me mostrando um anúncio que estava no jornal do meu pai.

- Amanhã terá uma agência de modelos no morro do Vidigal para recrutar novos modelos e não precisa de experiência. Basta levar o seu Book com suas fotos, mas como você é menor de idade vou com você. - Ela fala feliz e eu pego o anúncio, termino de ler e pulo pela casa de felicidade!!!

- Essa é minha chance e não posso perder por nada essa oportunidade – Eu grito indo para meu quarto me preparar para amanhã.

Quatro anos depois....

Eduardo estava em meu quarto praticamente implorando para que eu fosse com ele para boate hoje. Ele sabe que a data de hoje é extremamente delicada para mim, pois faz com que eu me lembre daquela noite terrível.

Sem que eu perceba meus pensamentos voltam para o dia 15/08/2011, eu estava me sentindo tãofeliz por finalmente conseguir um desfile grande para minha carreira como modelo. Eu já tinha dois anos de muito trabalho na agência, Garota do Rio, mas a minha carreira não deslanchava, e isso estava me causando muita frustração e estresse, porém nessa maldita data do dia quinze, achei que minha vida mudaria. Mudou, mas não de forma positiva.

Eu fui ao desfile e fui praticamente aplaudida de pé. Estava me sentindo extremamente feliz pelo sucesso que foi o desfile. Nós fomos comemorar na cobertura do dono da agência, Francisco Damasceno, ele era muito conhecido no Brasil por sua fortuna e por estar sempre rodeado de belas mulheres.

Porém, está noite ele está sozinho e percebo a forma como ele me olha. Está praticamente me cercando durante toda a noite e como ele é o chefe supremo eu sorrio "amarelo".

Após três horas de festa eu decido ir embora, mas quando pego minha bolsa e estou próxima a porta, Francisco aparece e coloca a mão na minha cintura. O meu corpo inteiro fica gelado.

- Onde a boneca pensa que vai? - Sussurra em meu ouvido.

- Indo para casa - Falo sem graça e me afasto.

- Mas está cedo - Fala e me puxa para retornar.

- Eu já chamei o Uber - Tento falar, mas ele pega minha bolsa e me guia com seu braço em volta da minha cintura.

Percebo que ele está um pouco bêbado e ele me guia por um corredor.

- Vamos tomar uma taça de vinho e depois você vai embora - Ele diz.

Não sei explicar como minhas pernas estavam se movendo. Eu estava apavorada por dentro, mas não conseguia dizer não a ele.

Quando ele fecha e tranca a porta o meu corpo inteiro fica gelado. Ele tira o paletó e vejo que fica bem à vontade.

Eu fico paralisada olhando os passos dele. Vejo quando ele pega a garrafa do vinho e coloca em duas taças.

- Vamos brindar ao seu sucesso! - Diz e me entrega uma taça. Vou tomar essa taça e depois vou embora. - Ao menos foi o que pensei!

- MARI - Ouço Eduardo me chamar e volto ao presente com vontade de vomitar quando lembro da desgraça que foi aquela noite.

Corro para o banheiro e deixo o almoço no vaso.

- Está vendo o motivo que você precisa ir comigo esta noite. Quero fazer você esquecer essa data Mari e eu prometo que não vou te deixar sozinha - Fala e me abraça.

Eu aperto os olhos com força e me recuso a pensar novamente naquela noite trágica.

Atualmente estou morando em São Paulo, com Eduardo! Depois do que aconteceu no Rio de Janeiro, eu me mudei para São Paulo com Eduardo que é meu melhor amigo de infância e apesar da saudade enorme que sinto da minha mãe, eu não pretendo voltar nunca mais.

Algumas horas mais tarde, estou na boate com Eduardo e ele falou a noite inteira sobre um italiano que ele conheceu na praia.

- Meu amor, com aquele homem eu só precisava de um copo com água e mais nada - Murmurou se abanando. Eu apenas dou risada das suas caras e bocas.

Desde aquela noite que não coloco nenhuma gota de bebida alcoólica na boca, mas hoje, eu quero me divertir de verdade e fingir que sou uma garota de vinte e três anos normal, sem tantos traumas.

Danço, bebo e me divirto muito com Eduardo. Realmente estava precisando relaxar e me divertir.

- Obrigadaaaa, Eduardo!!! Grito e abraço meu amigo.

- Eu te amo, Mari!!! - Ele fala retribuindo o carinho.

- Agora vamos parar com esse sentimentalismo e voltar para pista de dança - Falo e enlouquecemos dançando a música, loco, de Anita.

- Mari, esse é Miguel, o Turista! - Eduardo sorri e mesmo com a escuridão da boate, Marina consegue ver os olhos mais azuis que ela já viu na vida.

Além dos olhos da cor do oceano, ele era alto, musculoso e parecia que foi pintado por Michelangelo.

A beleza desse homem não é normal. Acho que estou tendo alucinações por causa da bebida.

Ele se aproximou lentamente e podia jurar que estava me avaliando dos pés à cabeça, como se estivesse vislumbrando a sua próxima vítima.

-Piacere di conoscere una ragazza così bella. (Prazer conhecer uma menina tão bela) - Murmurou em Italiano me deixando ainda mais encantada.

Foi paixão à primeira vista, porém para Marina a paixão de um momento a levou para o inferno que marcaria a sua vida para o resto da vida.