Depois daquela noite muitas coisas mudaram, sai da minha antiga cidade, entrei na faculdade de medicina e me especializei como cirurgia cardíaca, hoje sou uma das melhores da minha área e nesse exato momento estou indo para Florença para trabalhar no hospital da cidade.
-Eu não acho que precise de alguém, eu acho que preciso mesmo é me focar no trabalho e você também Federico.- Respondi ao homem que havia se tornado meu melhor amigo nos anos em que estive no exterior.
- Eva, eu te conheço há pelo menos 10 anos e eu nunca vi você se quer flertar com alguém e nem foi por falta de pretendentes.Eu não me lembro um momento de sua vida onde você estivesse conhecendo alguém, você esta no auge da sua carreira, esteve dedicada por anos e acho que agora seria o melhor momento para relaxar e conhecer alguém. Me prometa que vai tentar pelo menos conhecer alguém nessa cidade. - Ele olhou no fundo dos meus olhos e implorou.
- Não vou prometer nada do tipo, não é minha prioridade e não falaremos mais sobre isso eu aprecio sua preocupação comigo, mas a minha vida amorosa não é de sua conta.
Ele me olhou por alguns segundos e concordou, finalmente aquela conversa ridícula havia chegado ao fim.
Federico era como um irmão pra mim, nos aproximamos durante o período da faculdade, e por incrivel que pareça nunca tentou me beijar ou ter um romance comigo, mas ele tinha sido a única pessoa que sobrou em minha vida. Depois daquele fatidico dia eu vi tudo em minha vida ser tirado de mim, perdi meus pais em um acidente e por ser filha única não tinha mais ninguém, já não me restava mais nada e ninguém que me prendia a aquele lugar, pelo contrario, eu só queria esquecer aquele lugar e tudo que me lembrasse ele. Me mudei para o exterior, e conheci Federico e desde então ele tem cuidado de mim. Tempos depois contei toda a minha historia a ele, então não há nada que ele não saiba da minha vida.
- Senhores passageiros, se olharem a sua esquerda poderão visualizar abaixo de nós Florença, apertem os cintos e em breve pousaremos.- Disse o piloto.
Minutos após o anuncio Eva finalmente chegou a Florença a cidade dos seus sonhos e pela qual tanto trabalhou para morar, a mesma desembarcou e foi direto para a sua mais nova casa deixar seus pertences e ir ao hospital se apresentar aos colaboradores e demais colegas de trabalho. Após o banho Eva se arrumou como de costume e dirigiu até o hospital, ao chegar lá cumprimentou e se apresentou a todos, alguns desejaram a ela boas vindas, outros torciam o nariz pela garota ter conseguido o cargo que havia sido disputado por tantos, mas em momento algum ações como aquela pareciam afetar a mesma.
- Vamos Dra. Martina, vou te mostrar a sua sala.- Disse o chefe dos médicos direcionando você até o próximo corredor. - Eu coisas muito positivas sobre você senhorita, espero que faça jus a sua fama.- Continuou.
- Não se preocupe Dr. Marino, eu garanto que meu único objetivo aqui é estritamente profissional, e tenho certeza que posso provar a você e a todos desse hospital que tudo o que disseram é verídico. - Respondeu Eva mantendo a postura implacável de sempre.
- Bem, sendo assim fique a vontade para se familiarizar com sua sala e o hospital e seja bem vinda a nossa equipe. - Disse o sr. Marino saindo da sala a deixando sozinha.
Eva olhou para aquele lugar e sentiu- se orgulhosa daquele momento, mas logo em seguida saiu para conhecer as instalações dos hospital, a mesma andou por diversos corredores, conversou com alguns médicos, médicas e enfermeiras quando ouviu gritos vindos da emergência.
- Tire suas mãos de mim, eu já disse que estou bem!- Uma voz masculina gritava enquanto os profissionais tentavam conte-lo.
- Senhor, não podemos libera-lo antes de te examinar e saber que esta tudo bem, o senhor se envolveu em um acidente e deixar você ir embora sem saber que esta tudo bem pode seria uma grande imprudência da nossa parte.- Disse um dos médicos plantonistas.
Os gritos permaneciam e Eva não pode deixar de se sentir incomodada pelo transtorno que estava sendo gerado por aquele homem que achava que todos deviam obedecer a ele. O caos estava se espalhando pela emergencia deixando os outros agitados com a situação. E no mesmo instante Eva assumiu sua postura para intervir e controlar a situação.
- Nome do paciente e situação atual. - A mesma questionou a um dos enfermeiros indo a sala onde o mesmo foi levado.
- O nome do paciente é Matteo, se envolveu em um acidente de carro e foi trazido consciente ao hospital.- Respondeu o enfermeiro.
- O paciente teve desmaio durante o trajeto até o hospital?- Eva questionou novamente.
- Não, o mesmo esteve consciente durante todo o caminho.- Disse o enfermeiro tentando acompanhar os passos da medica.
Deixando o seu colega para trás, Eva caminhou pelo corredor até que viu uma das enfermeiras saindo chorando da sala e dizendo: - Eu me recuso a continuar tentando cuidar desse paciente, seria mais fácil lidar com o diabo do que este homem.- Disse a mesma passando pela médica.
Ao entrar na sala Eva reconheceu quase que imediatamente aquela figura masculina sentada na maca diante dela.
- Não é possível!- Sussurrou Eva para si mesma quase sem acreditar. Afinal qual seria a probabilidade daquilo acontecer? De todos os lugares do mundo como poderia aquele homem estar justo ali?
- Eva?- Disse Matteo encarando a mulher que o mesmo pensou que nunca mais veria em sua vida depois daquele dia.- Eva Martina?- O homem permaneceu em choque ao perceber quem estava em sua frente.
Eva, assumiu uma postura que Matteo nunca havia visto antes. - Sr. Caccini, eu não vou admitir que você trate os nossos funcionários dessa maneira rispida, eles estão apenas fazendo o trabalho deles e não vou permitir que você e nem ninguém trate qualquer uma das pessoas que trabalha aqui com grosseria. Estamos entendidos?- Questionou.
Matteo permanecia encarando em silencio,pois embora aquela mulher que estava em sua frente era a mulher que ele amou há anos atrás, já não havia mais sinais da doce Eva que via o lado bom de tudo e todos que ele conheceu, Eva tinha ficado mais bela com o passar dos anos, estava com outra postura. Ela encarava Matteo com indiferença, como se ele fosse apenas mais um paciente, como se nunca tivesse o visto antes.
- O senhor entendeu sr. Caccini ou bateu com tanta força a cabeça que não consegue entender as palavras que são ditas? Porquê se for o caso, solicitarei uma tumografia de crânio agora mesmo!- Perguntou ela novamente;
- Eu compreendi perfeitamente doutora, não sou nenhum estúpido.- Respondeu ele.
- Ótimo, agora vou avalia- lo e solicitarei alguns exames e caso necessário o senhor permanecerá aqui hoje em observação.
No mesmo momento Matteo levantou enfurecido e disse: - Eu não ficarei...- Nesse exato momento Eva o encarou com uma determinação e o interrompeu. - O senhor não decide nada aqui! Eu não estou pedindo e nem implorando, a minha palavra é a decisão final e quando for seguro eu mesma lhe darei alta, assim como você, não temos a mínima intenção de manter o senhor aqui, então sente-se, acalme-se e quando um dos enfermeiros vier até aqui coletar seu sangue e leva-lo para realizar os outros exames o senhor irá colaborar, e se portar como o homem respeitável se é que sabe como, pois o senhor esta incomodando a todos com sua atitude desrespeitosa. Não somos seus funcionários sr. Caccini.- E assim ela saiu do consultório deixando Matteo boquiaberto.