Atheya: A rainha de Sharon

Atheya

A Rainha de Sharon

Capítulo 1

Andando com graça pelos corredores do castelo, a rainha era seguida de perto por sua dama de honra até seus aposentos.

Ao se sentar diante de uma elegante penteadeira, seu olhar se fixou em seu reflexo. Seus olhos, imensos e profundos, e a pele que exibia um brilho saudável davam a falsa impressão de que era uma mulher jovem.

Como todos de sua espécie, ela envelhecia de forma tão lenta que as marcas do tempo só se faziam notar a cada duzentos anos. Com um gesto suave, abriu um frasco e aplicou um pouco de creme no rosto, massageando-o com destreza. Sua dama de honra pegou uma escova e começou a pentear cuidadosamente seus longos cabelos platinados.

— Está esplêndida como sempre, senhora.

A rainha, conhecida como Atheya, permitiu-se um momento de silêncio antes de responder, ainda absorta na contemplação de seu reflexo.

— Ilsa, permita-me fazer uma pergunta. De que adianta ser jovem e bela, na minha idade? Não encontro razão para muitas coisas nesta vida. Só estou aqui, viva, porque ocupo o trono. Caso contrário, teria pedido para me congelarem ou, quem sabe, até mesmo para me eliminar.

A dama de honra, Ilsa, parou sua tarefa e a olhou através do espelho, surpresa com a intensidade das palavras da rainha.

— Por favor, senhora, não diga tais coisas. Há muito ainda a viver...

Atheya continuou a aplicar o creme suavemente em seu rosto, mas seus pensamentos estavam longe, em um lugar de introspecção profunda.

— Para que serve a vida, Ilsa? — disse Atheya, com uma pontada de tristeza em sua voz. — Só estou aqui porque sou a rainha. Talvez seja hora de escolher um novo líder, alguém que possa trazer uma visão fresca para o nosso povo.

Ilsa não conseguia ocultar sua preocupação, e suas mãos tremiam levemente enquanto ela segurava a escova.

— Por que a senhora não considera se casar? — ela perguntou, detendo-se no pentear dos cabelos, olhando diretamente para a rainha através do espelho.

Atheya parou a aplicação do creme e encontrou o olhar de Ilsa.

— Casar? Para quê? — Atheya deixou escapar um suspiro. — Sexo, se é isso o que você está sugerindo, posso tê-lo quando quiser. Mas, sinceramente, nem mesmo isso me atrai mais. Sinto um vazio, Ilsa, uma falta de propósito. Não sei o que é, mas pretendo descobrir antes que a monotonia desta vida me leve à loucura.

Atheya de Sharon era uma figura notável em seu planeta, um mundo onde a ciência e a lógica eram os pilares da sociedade. Sua pele tinha um tom azul-pálido, e seus olhos eram de um violeta profundo, o que a tornava ainda mais distintiva entre os habitantes de seu planeta.

Atheya era uma rainha brilhante, dedicada ao seu povo com muito zelo.

Assim que termina a aplicação do creme em seu rosto perfeito e Ilsa itermina a escovação, vão até a sala do trono.

Atheya estava sentada em seu trono, observando o sol pela enorme janela que ficava à sua frente, quando sua dama de honra, Ilsa, entrou apressadamente.

Ilsa estava vestida com um traje tradicional de seu planeta, uma espécie de vestido comprido com tons de prata e azul claro, que ressaltavam sua aparência elegante.

— Vossa graça, Atheya de Sharon, os cientistas do Conselho Supremo desejam vê-la imediatamente. Há uma questão de urgência que requer sua presença.

Atheya assentiu e seguiu a dama de honra até a entrada do castelo, onde um veículo flutuante estava estacionado para levá-la até o prédio dos cientistas do Conselho Supremo.

Os cientistas de seu planeta estavam reunidos em uma sala imponente, onde hologramas e telas de visualização preenchiam o ambiente.

Ao chegar no local, Atheya ergueu levemente a cabeça e, com seu ar superior, passou por todos até entrar na sala. Ela adentrou o local, andou graciosamente até a cadeira da cabeceira reservada para ela. Ao sentar, seus olhos observaram atentamente cada integrante, e ficou calada aguardando a reunião começar, sem apresentações ou formalidades.

O líder dos cientistas se aproximou de Atheya com uma expressão séria no rosto.

— Atheya de Sharon, estamos enfrentando um desafio sem precedentes. Nossas fêmeas não estão se reproduzindo rápido o suficiente para manter nossa população estável. Precisamos de uma solução, e nossa última esperança é o planeta Terra. Todos estão contra nós por não termos aceitado os pedidos de casamento dos integrantes de outros planetas para nos ajudar e formalizar uma aliança.

Atheya considerou o problema, ciente da gravidade da situação. Ela era conhecida por sua mente brilhante e habilidades excepcionais na área da genética. No entanto, essa tarefa seria um desafio monumental, e teria que se juntar aos demais cientistas. Sendo a rainha do planeta por quinhentos anos, desde então, sua experiência em ciências só aumentava. Mesmo após se tornar rainha, nunca deixou de trabalhar no que amava e de estudar.

— Precisamos entender melhor o que está acontecendo em nosso planeta antes de encontrar uma solução. Preciso conduzir pesquisas extensas e realizar experimentos para descobrir a causa desse declínio na reprodução. Isso levará tempo.

O líder dos cientistas concordou com seriedade. Então, foi convocado pela rainha para liderar a pesquisa.

— Você tem o tempo que precisar, Randon. Está autorizado a usar todos os recursos de nosso planeta para essa missão. Tem algo em mente?

Randon, ficou de pé para dar seu parecer referente à situação. E o que disse chocou até a Rainha de Sharon.

— Podemos tentar cruzar nossa raça com uma inferior, tentar fazer com que nossos bebês herdem a genética de nossa espécie. Entretanto, há algo mais que precisa saber. Para acelerar nosso processo de recuperação populacional, cheguei à conclusão de que precisaremos dos humanos do planeta Terra.

— Está fora de cogitação... — dia a rainha visivelmente perturbada.

— Mas senhora... Não podemos perder essa oportunidade, se formos atacados por algum inimigo, nossa raça poderá ser extinta em uma única guerra.

Atheya suspirou, não conseguia imaginar seu povo cruzando com uma raça tão inferior. Se fosse assim, teria sido melhor se casar com seu último pretendente, o homem lagarto. Embora não tivessem poderes, eram fortes, e seu sangue era venenoso.

— Definitivamente, "não"! É uma loucura...

— Eu suspeitava que Vossa Graça não aceitaria. Enquanto não chegarmos a uma conclusão óbvia, podemos usar os humanos como guerreiros. O que me diz?

— Como pretende fazer isso, já que eles têm corpos tão sensíveis?

Atheya ficou chocada com a notícia. O conceito de "soldados" era estranho para seu povo, uma vez que seu planeta tinha uma história de paz e cooperação.

O líder dos cientistas explicou sobre a Terra, suas guerras e a necessidade de proteção militar. Atheya compreendeu que era uma ideia necessária, embora fosse perturbadora para ela, já que não conseguia ver soldados tão frágeis em ação.

— Muito bem. Preciso saber, como pretende fazer esses homens terem força sobre-humana? Dependendo do que me disser, darei a liberação para ir atrás desses guerreiros. No entanto, tenho uma pergunta pessoal a fazer.

— O que deseja saber, Atheya?

— O que é o amor? Tenho uma curiosidade tão grande referente a esse sentimento dos humanos. Acredito que possa ser relevante para nossa compreensão mútua.

Os cientistas olharam entre si antes do líder Randon responder:

— O amor é uma emoção complexa que os humanos experimentam. Envolve afeição profunda, conexão emocional e desejo de cuidar e proteger alguém. Mas lembre-se, Atheya, que os humanos têm diferentes maneiras de amar e entender o amor. Isso é o que torna essa emoção tão intrigante.

— É difícil compreender com essa breve explicação, mas está liberado para ir buscar seus guerreiros. — ela se levanta, dando a reunião por encerrada. — Vou para o castelo me arrumar, irei com vocês à Terra.