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Histórico

Capítulo 3 Outra fatalidade

Palavras: 2895    |    Lançado em: 18/02/2021

e pede pelo telefone uma ambulância para levá-lo a um hospital particular das proximidades. O rapaz teve hemorragia interna - não conseguiu chegar ao hospital com vida. O pai,

s e cortados no IML, em outro prédio anexo ao hospital, e que não há nenhum parente para fazer seus enterros. Com sua influência de rico

e o seu filho matara, a nova vida do marido lhe deixava numa solidão profunda, dentro de uma mansão sombria, vivia agora sozinha. Tudo isso contribuíra para que ela também perdesse o interesse pela vida. Começou a falar sozinha, andava à beira da loucura, contudo, para amigos e vizinhos já se encontrava desesperadamente louca. Logo em seguida passou a ter crises de histeria e a passar noites em claro, seu estado piorara a cada dia. Em uma consulta rotineira a uma psicóloga, que era amiga de longa data da família, foi lhe indicada a sua internação, de fato havia despencado da linha tênue que separa a lucidez da loucura, era loucura, só que era uma loucura um pouco branda, uma vez que não oferecia perigo a ela própria nem aos seus familiares. Mesmo assim, por consentimento mútuo da família e do marido, fora internada numa clínica especializada para tratamento, por um b

sequestro, seria realmente uma coisa surpreendente, sobretudo para quem o conhecia intimamente. Quando a esposa percebe a falta do marido, que até aquela hora não chegara em casa, liga para o hospital e fica sabendo que ele havia voltado para casa cedo, no mesmo horário, como fazia todos os dias. O próximo telefonema que deu foi para a polícia. Depois de expor, em detalhes o fato ocorrido e descrever o perfil do marido sumido, como era fisicamente, onde e com quem trabalhava, diz a esposa angustiada: Mas delegado, como esperar vinte e quatro horas, eu estou lhe dizendo que o meu marido sumiu, desapareceu, não voltou para casa, acho que foi sequestrado, assaltado ou mesmo, quem sabe assassinado, o senh

se e se não existissem os tais direitos humanos, eu mesmo executaria sumariamente o desgraçado. Você viu delegado, o que disse o pai da menina molestada, que o vagabundo oferecia doces para conquistar os filhos dos vizinhos, quando eles iam a seu estabelecimento comercial comprar mantimentos? Sim, ouvi, o que mais me chocou foi o fato de ele negar todas as acusações, apesar das provas, e das testemunhas, mas não tem nada não, lá na penitenciária ele vai pagar tudo, vai receber e

inteiro, detentos, que de alguma forma molestam sexualmente crianças e mulheres indefesas, são tratados com o mesmo grau

ega de trabalho, talvez com alguma aluna do curso de medicina. A esposa me contou que ele é, além de médico, professor no hospital onde trabalha. Forneceu-me algumas informações sobre o perfil dos seus colegas de trabalho. Então, pode ser mesmo, acrescenta o agente maria-vai-com-as-outras. Deve t

a fechada, mostrando pouco equilíbrio emocional. Fica quieto doutor, só estamos cumprindo ordens de cima. Retruca uma segunda voz, que demonstrava ainda menos calma, do que a outra voz rouca que falara antes. Como ordens de cima? Indaga o doutor aflito, mas logo cai sobre todos o mesmo silêncio de antes. Vivendo um conflito interior, o médico tenta encontrar, nos atos passados, alguma explicação lógica capaz de elucidar toda aquela loucura que o atingira. Do pressuposto incomum, de que todo homem é culpado pelas mazelas do mundo, sobretudo daquelas que lhe sobrevêm, provavelmente haveria razões suficientes para que esse médico, aparentemente gente muito nobre, fosse alcançado por algum tipo de justiça, que não deixa impunes os atos mais secretos dos homens. Há um ditado, idiota por ser popular, que diz que quem apanha nunca se esquece, ao passo que os que batem se esquece

ssos, os francês, os romances épicos, os poemas malditos, mas não lhe elucidava o enigma, havia algo de singular em seu martírio, contudo, de tanto investigar pôde encontrar apenas um caso parecido com seu, em Kafka, no

lo que não esperamos e que não admitimos que ocorra conosco nem em sonhos ou em delírios. Criamos uma lógica distinta das demais para reger nossas ações, aí quando fatos reais contradizem

ural. O narrador aqui presente não tem a pretensão de ser onipresente, embora pudesse sê-lo, sendo onisciente, porém, se o quisesse, conduziria o leitor para alguns nichos que permanecerão sobre trevas, para deslindar outros segredos, sobre a vida pregressa das nossas personagens sem rostos. Como Kafka, o criador do absurdo e de histórias inacabadas, abismos serão abertos sobre as vistas e mentes dos leitores, ficará a critério, decidir se os explorarão ou não. Não devemos cair no lugar comum de afirmar que o bom leitor é aquele que, ao pegar na leitura de um livro, escreve

tipo de loucura, que até Freud desconhecia, ralhou com seus contemporâneos dizendo que não causassem mal aos homens, pois eles eram seus convidados, e, em nome da boa e velha hospitalidade, oferecia suas filhas em troca da honra dos visitantes desconhecidos. O texto sagrado não diz se a turba violenta e sexualmente depravada aceitou ou não aceitou as filhas de Ló como recompensa, aliás, diz que eles não apreciaram a oferta, todavia subtende-se que os anjos não foram molestados sexualmente, talvez para não chocar os homens crédulos, só diz que logo em seguida levaram Ló pela mão, para escapar da de

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