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Capítulo 2 Volta ao enredo

Palavras: 3720    |    Lançado em: 18/02/2021

ao e

mundo! Oh! Meu Deus. Oh! Meu Deus, o que será da mãe desse pobre homem? De onde viria essa senhora, que se nos apresenta ao narrador, que personagem mais imprevisto nos surge em tão contraditório contexto. Essa é mulher idosa, por isso nos tem tanto a dizer sobre a vida e sobre o mundo, mas, no entanto, surge apenas num instante de descuido do narrador,

e cuidado de recomendar ou de encomendar os mortos pode ser útil apenas para que eles não se percam no * Inferno de Dante, senhor dos mundos subterrâneos. Continua o homem com a sua oração. Oh! Senhor, tende piedade de nós. Este irmão, que agora enviamos a ti, foi vítima de nossa maldade inconsciente. Fomos nós mesmos que o matamos, com a nossa maneira egoísta de viver. Talvez tenha deci

to grande e velha, ele já era conhecido na região, fazia pregação em meio às confusões urbanas, mas ninguém tinha tempo para lhe dar muita atenção, a não ser em caso extremo como este. O homem não abriu o livro sagrado, falou tudo de improviso, talvez já tivesse decorado seus discursos fúnebres, parecia que fora convocado para aquela ocasião especial antecipadamente. E

omem não parecia louco. Por que caímos nesse equivoco, uma vez que se trata de um Ensaio Sobre a Loucura? Se formos aqui seguir a lógica de outro ensaio, este

bom ladrão. Será que é possível classificar de bom um ladrão só por que amarelou na hora da morte, e pediu a outro agonizante que se le

em voz quase sussurrada, infinitamente longa, pois o pastor não conseguia terminar seu m

umo e de álcool. Juízes que defendem a justiça de punhos fechados, mas aceitam suborno de mãos bem abertas, delegados que torturam para colher provas de crimes sem solução, políticos que desviam a grana da merenda escolar, fil

idade da vida e da morte. Entre os presentes havia um médico velho muito experiente, um professor, que tentava consolar seus colegas e alunos, dizia: é evidente que tudo isso é uma espécie de loucura, estamos todos loucos, em um só dia, tantas e quantas desgraças? Duas tragédias sem explicação! Coisa de um mundo absurdo. O Médico tinha conhecimento literário, falava da teoria do absurdo de Albert Camus. Não devemos nos surpreender se ainda hoje cair um avião sobre este hospital e nos matar a todos. Continua o médico seu discurso pessimista. Cruz credo, diz uma médica católica, que fic

o levaram sem constrangimento, afinal se tratava de gente rica, o rapaz era branco e conduzia um carro importado, também dissera para os policiais que tinha pai rico e importante. Coisa pouco relevante, as aparências, ne

ara o pai, pedido que logo é atendido pelo delegado, que parecia ser um bom cumpridor da lei. Embora o delegado insista em perguntar por que andava em alta velocidade em uma área que não permitia mais que sessenta quilômetros por hora, o jovem se recusa a responder, diz que não tem nada a declarar sobre o ocorrido, e qu

primeiro, fato normal, não tendo quem lhe reclamasse o parentesco, também por ter sido morte instantânea, seria um bom laboratório para os avanços da medicina. Talvez aqui se compreenda

es, expor assim as crianças e os seus pais a mais esse tipo de humilhação? Seus corpos já h

tente, que até o delegado, que já o havia condenado intimamente, muda de semblante e de opinião, passa a ter pena do pai e, se colocando em seu lugar, pergunta: Então, é o senhor o pai desse jovem desafortunado? Sim, claro, ele é meu filho, meu único filho e nunca soube que usava drogas ou que bebia tanto. Como é que foi acontecer essa fatalidade? Senhor delegado, como é que um pai administra uma infelicidade desse porte? Silenciou o pai o seu lamento justo, silêncio que logo foi quebrado pelo delegado de plantão. Ele matou quatro pessoas, meu senhor, não foi uma nem duas vidas que ele tirou, por isso não há outro caminho, seu filho é maior e vai responder pelo crime doloso que cometeu. Tudo bem delegado, ele não pode ficar preso, providencie sua fiança e, a partir de agora eu vou defendê-lo perante a justiça, meu cliente é primário, tem residência fixa, por

ue para ser aceito em uma empresa, por exemplo, o cidadão prec

reféns eternos da morte trágica. O jovem é liberado, com as recomendações de praxe, não devia sair do país, devia comparecer na presença do juiz, provavelmente para responder ao processo em liberdade,

ue mesmo se quisessem não poderiam vir para os funerais, não havia, portanto, quem os procurasse para providenciar um enterro digno. Talvez pudesse usar

anos, um desempregado, que depois de vagar dias e dias atrás de um emprego e daquela que era a sua real razão de viver, a prostituta, resolve abreviar o descanso eterno. O homem tinha alucinações, era epiléptico, desde criança dizia que via e ouvia os mortos. O suicida era cozinheiro, trabalhava em restaurantes, era muito talentoso, mas quando tinha crise era logo mandado embora, não conseguia trabalhar mais que três meses no mesmo local. No último emprego conhecera uma mulher, por quem se apaixonara perdidamente, uma bela prostituta, que fazia ponto em frente ao seu trabalho, que ficava em uma praia famosa da Zona Sul. Sempre ao final da noite, quando ela estava livre, depois de uma maratona de programas, com turistas estrangeiros em sua maioria ingleses, então saiam os dois para se divertir até o amanhecer, em alguma espelunca em que o seu dinheiro dava conta de pagar. Um dia, enquanto esperavam um ônibus para irem a um motel, foram surpreendidos

seu grande amor, não sabia nada sobre a vida, origem ou endereço da bela prostituta, a prostituta sumira sem deixar nenhuma pista. Caso este, não tão raro, o de amores avassaladores, costumam os amantes combinarem entre si,

es da sua psicologia, não era uma mulher qualquer, era uma jovem de uns vinte e cinco anos, embora inculta era apaixonadamente inteligente, para as aspirações românticas de um homem simples, que tinha como profissão o ofício de cozinheiro, e, que além de pobre era muito doente. A moça, profana e divinamente bela, fora realmente capaz de deixá-lo alucinado, tanto na sua presença, como ainda mais na sua ausência. Há dois tipos de paixão no terreno amoroso, a paixão que alucina pela satisfação do amor recíproco, como a alucinante paixão que desvirtua o julgamento da razão, a falta do objeto amado. Descrever a prostituta, para este narrador não é nenhum incômodo, aliás, é algo muito prazeroso, diferentemente da prostituta de óculos escuros, de outro ensaio famoso pela relevância da sua cegueira, lá o narrador não podia se aprofundar de mais nos dotes e atributos físicos, daquela que viria a ser sua melhor personagem, afinal se tratava de um mundo onde todos eram deficientes visuais. Digo quase todos, pois a Mul

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