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A chefe da máfia

A chefe da máfia

5.0
1 Capítulo
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Sinopse

Índice

Catteryne DAngello Villa, decide se tornar a chefe da máfia de seu pai, após a morte dele, como é a primeira mulher a comandar uma máfia, nossa protagonista sofre muitas vezes algum preconceito, fazendo ela querer cada dia mais ser melhor. Mãe de uma menina fruto de um abuso sexual, ela trabalha aos finais de semana na própria boate, e estuda escondido, apesar de querer honrar o nome do pai, seu sonho é ser cirurgiã geral como sua mãe, que morreu a pouco tempo Kate, como é chamada por alguns amigos próximos, não queria se apaixonar taí cedo, inda mais por alguém que acabara de conhecer, mas Pietro chega balançando sua vida de forma estranhamente forte, ao mesmo tempo chega Ruggero, que se torna amigo íntimo da mafiosa. O destino de Pietro e Kate os afasta, mas o destino das filhas deles os unem novamente.

Capítulo 1 Antes de nós

“Um sonho entre uma realidade

pode interferir na realização. Saiba

diferenciar tudo.”

— Acho que poderei me vingar de você, não é mesmo? — Com o alicate em mãos, Catteryne olha fixamente nos olhos de Marcello. Ele, em desespero, grita:

— Kate, isso foi há anos... pelo amor, me perdoa, não irei fazer isso novamente. Juro! Não me mata, Kate, minha abelhinha. — A jovem irritada, e com lágrimas nos olhos, berra:

— Não me chame assim, seu monstro. Você acabou comigo e acabou de matar uma família!

•••

Assim que o sol da manhã iluminou o quarto de Catteryne, a garota se irritou e se levantou, indo em direção ao quarto de sua filha, que estava acordada olhando para seu móbile. Kate pegou a pequena e a levou para a cadeirinha da cozinha, deu o café da manhã de Isabel e tomou o seu, apressadamente. Ela levou a filha a creche.

— Oi, Mercy, como está?

Uma moça negra, de cabelos negros, alta, e muito animada ia em direção delas na intenção de um abraço.

— Kate, amiga, é o primeiro dia de aula da Isa? Como ela está crescida e se parece com você! Como ela é linda! — Se afastando um pouco do abraço, Catteryne entrega sua filha a melhor amiga, que não via há uns meses, desde que Mercelly precisou ir para o Brasil...

•••

— Patroa, hoje temos uma despedida de solteiro aqui na boate, e todos pediram exclusivamente para a senhorita dançar. Devo confirmar?

Catteryne, distraída, se assustou e respondeu:

— Ainda não, Anne, preciso resolver algumas coisas, estou atrasada até! Te vejo depois.

Saindo com pressa, a jovem bate num carro. Se assustou e saiu para ver o estrago e também para se comunicar com o dono. Mas quando ela viu quem era, seu rosto mudou, e ela retraiu os lábios.

— Corazón de municion, que ótimo encontrá-lo aqui, estava mesmo indo até o seu encontro...

O homem se vira, com o rosto vermelho de raiva, e diz:

— Ángel de la muerte, vejo que não tem muita prática com carros, estava esperando você.

Os dois dão a mão e, com o gesto de respeito entre máfias, um beija o anel do outro.

— Vamos resolver logo esses assuntos... o primeiro é que um de seus “empregados” estava infiltrado na minha área, tentando se aproveitar da mulher de Lorenzo, e todos nós sabemos o que a máfia acha disso, não é mesmo?

— Eu sei, Corazón. Irei cuidar dele com as minhas próprias mãos, não precisa se preocupar, sabe que o intuito da minha máfia é a vingança, não os propósitos sujos que um dia o meu pai tinha!

O homem, decide provocar a mulher e coloca o motivo mais forte naquele momento:

— A primeira mulher comandante de uma máfia, e deixa seus homens por aí? Falta de capacidade a sua hein angel? Mas o que eu poderia esperar de uma mulher né?! Frágil e chorona, como sempre.

Mesmo sabendo que aquilo era apenas uma provocação idiota, Kate se sente desafiada, revira os olhos e fica quieta, encarando o velho homem, que nem ela sabe como ele ainda está vivo.

Os dois saíram juntos da sala e foram para seus carros. Kate pagou o valor exato do conserto e saiu, foi para a casa em que sua máfia se esconde. Chegando lá, foi procurar pelo canalha que quebrou a regra de virtudes dentro de sua máfia.

— Jô, chame todos os rapazes aqui, agora, por favor!

Jô, uma de suas ajudantes particulares, saiu do pátio da fábrica e foi para as salas chamar os homens de terno, assim chamados por todas as pessoas. Com dúvidas sobre o que iria ocorrer, o grupo de homens se preparavam com as armas engatilhadas, prontas para qualquer ameaça. Quando chegaram ao pátio, se puseram em postos de briga e ficaram decepcionados ao ver que não era ameaça nenhuma, apenas a chefe brava e muito estressada.

— Senhora? Está tudo bem? A senhora está parecendo um pouco tensa... Kate, então, se vira e, pacificamente, pergunta:

— Alguém pode, por favor, me explicar por que o Corazón de municion veio me indagar sobre um de nossos rapazes estar se aproveitando da mulher de um dos dele?

Os homens entreolharam-se curiosos e assustados, e podia se ouvir os murmúrios deles, quando um dos homens teve a coragem de responder:

— Kate, não foi ninguém daqui. Sabemos da regra do nosso grupo, não seríamos idiotas para descumprir nenhuma delas!

Nesse momento, o novato se entrega, chorando:

— Fui eu. Estávamos numa festa... ela estava bêbada, e eu um pouco alterado, porém, lúcido. Comecei a beijá-la, passar a mão em seu corpo, e ela estava aceitando as carícias, mas vi que alguém estava se aproximando do quarto e saí correndo. Acho que Lorenzo viu e reconheceu a marca... me perdoa!

Foi nítido o espanto no rosto de todos, principalmente no de Ángel, que estava mais decepcionada do que assustada. Ela começou um sermão para todos os rapazes:

— ... Por isso mesmo que estabelecemos essa regra, para que evitemos guerras entre máfias; infelizmente teremos que executar nosso novato...

Ángel de lá muerte pega sua arma e aponta para o peito de Rafaello. Ela aperta o gatilho. Ouve-se o disparo. Logo após, ouve-se o impacto do corpo do rapaz caindo ao chão. Aos prantos, ela dá a ordem do sumiço do corpo e que conservassem bem os órgãos, uma vez que estes estavam saudáveis, o que renderia muito dinheiro.

•••

Horário de almoço. Kate foi buscar a filha e deixar com a babá. Após isso foi para a boate organizar tudo para a despedida de solteiro que teria, e ensaiar as meninas para dançar. As danças estavam complexas, mas suas dançarinas estavam prontas. Quando Catteryne foi passar o último passo para suas bailarinas, ela ouviu um tiro. Rapidamente, indicou uma sala escondida para as meninas, e tirou de sua bolsa duas armas. Foi em direção à rua e viu Corazón atirando contra uma gangue pequena. Com um tiro para o alto, ela assustou todos, e, com grande raiva, gritou para que dissessem o que havia acontecido. Um rapaz de aparência jovem gritou para que ela saísse do caminho e deixasse ele terminar de acabar com o mafioso. Kate, que não ouvira, ficou ali, apontando duas armas para os dois lados. Quando ela virou para seu lado direito, viu o tal rapaz jovem, corpo atlético, olhos verdes e cabelos curtos castanhos. Ela, então, sentiu Corazón apertando seu braço. Em um golpe certeiro, ela acertou um soco no rosto do homem, que se afastou da moça e preparou um tir

Depois de horas de negociações, o mafioso foi embora. Kate foi com o rapaz jove

— Oi, como você está? Me chamo Catteryne, o que você aprontou para deixar Corazón com tanta raiva? — Com um tom de sarcasmo, Kate se apresenta, guardando as armas

— Eu apenas roubei um banco antes dele. Roubei milhões, e ele ficou com ódio, então corri para pegar mais armamento, mas quando notei, estava encurralado. A propósito, meu nome é Pietro Barone

Com algumas gazes na mão, Catteryne começa a limpar as feridas do jovem, que reclama de ardência, mas ela continua limpando, ignorando as reclamações. Assim que ela acaba, ela ri e brinca

— Pronto bebê, acabou. Não tem mais dodói, viu? Não caiu seu braço.

Os dois riem, e Kate não tira o olho da tatuagem do rapaz. Inquieta com isso, ela resolve pergunta

— Você não é da Itália, né? Não vemos tatuagens assim nessas pequenas gangues. O que significa?

Pietro, agora com um semblante sério, começa a relembra

“Vamos! Eu tenho que fugir... não posso continuar aqui, Jéssika

“Você vai abandonar o pai e a mãe, Pietro? Você precisa ficar aqui

“Eu darei notícias. Diga ao papai e mamãe que os amo, e assim que a poeira baixar, eu volto para o Brasil. Te amo! Jéssika, cuida deles"

— A tatuagem yin yang é o equilíbrio do bem e do mal, da luz e das trevas. Realmente não é comum aqui, sou brasileiro, vim para cá há pouco menos de 1 ano... Você também não tem fisionomia de uma italiana, muito menos o jeito de falar...

— Olha! Você repara em tudo, né? Tem razão. Não sou daqui também, sou da Argentina, Buenos Aires. Vim para cá pouco antes a morte do meu pai, que morava aqui.

Os dois ficam conversando por um tempo. Então Pietro pergunta:

— O que fez você querer seguir os caminhos de seu pai na máfia? É passado de geração em geração, não é? Por que quis continuar?

Kate começa a relembrar:

“Mamãe, tem uns moços chamando pelo papai.”

Kate, estava na sala assistindo série quando policiais bateram na porta e ela chamou sua mãe. Com agressividade, os senhores fardados abriram a porta e invadiram a casa, procuraram por Alexandre, e o viram dormindo. Arrastaram, então, ele para fora e começaram a atirar, uma, duas, trinta vezes... Um dos policiais segurou Catteryne para que ela não corresse para o quintal e visse a cena, porém, ela conseguiu ver tudo pelo vão dá porta, que estava entreaberta...

“Papaiiiiii! Nãooooo!”

Voltando a si, com os olhos cheios de lágrimas, Kate começa a resmungar:

— Ele foi morto por 5 policiais, enquanto um me segurava para não ir ver, mas a porta estava quase aberta, e eu vi tudo. Então, com dezoito anos eu resolvi assumir seus negócios: tráfico de órgãos, vinganças pessoais, vinganças contratadas, contrabando de drogas...

Pietro não sabia o que fazer, então a abraçou. A jovem, sem reação, deixou-se levar pelo abraço; nunca abraçou alguém que acabara de conhecer, até porque ela odiava abraços. Kate se soltou dos braços musculosos do rapaz e quando pensou em falar algo, seu telefone tocou.

— Oi Anne, já estou indo... calma!

Ela virou-se e foi se despedir de Pietro, que ofereceu uma carona a ela, então ela riu e disse:

— Claro, se você quiser parar ali na minha vaga, eu sou dona da boate. Já estou onde deveria, é que tenho que me apresentar hoje... se quiser ir ver como é, está convidado, mas agora estou atrasada. Tchau.

O brasileiro, sem poder responder, apenas viu a bela mulher se afastar e pode ver que sua beleza não se descrevia em palavras. Com curiosidade, ele foi assistir à apresentação da bela mafiosa. Quando entrou na boate, viu que era mais luxuosa que o comum.

Caminhou até a poltrona do fundo e se sentou, aguardando o espetáculo que aquele lugar aparentava trazer.

Maravilhado com as apresentações, Pietro decide ir embora, quando ouve que Catteryne seria a próxima e última dançarina. Ele sentou novamente e, quando a jovem argentina começou a dançar, não conseguia tirar os olhos dela. Os movimentos delicados, firmes e sensuais... Ele estava alucinado, mas talvez poderia ser pelos copos de tequila que tinha bebido.

•••

Catteryne, ao entrar no palco, percorreu rapidamente os olhos pelo salão e viu Pietro. Ela, então, começou a dançar como nunca, estava animada, dançava como se não houvesse amanhã. Assim que a sua apresentação terminou, ela arrumou suas coisas e saiu. Encontrou Pietro na rua e perguntou se ele não iria embora. Ele, que estava distraído, assustou com a garota chegando e logo se colocou a responder:

— Vou sim, mas antes tive que esperar para agradecer o convite. Sua boate é linda, suas bailarinas incríveis, e você, espetacular. Vou indo embora... quer carona?

— Não precisa, tenho que buscar minha filha e fazer o trabalho da faculdade. Beijos, até qualquer dia!

•••

“Droga, Catteryne, deveria ter pedido o contato dele, você está precisando de homens para trabalhar. Mas você também não conhece o rapaz, não sabe se ele é bom o suficiente para esse serviço... toma juízo, mulher, essa é a máfia do seu pai, honre o nome dele.”

Com o choro de Isabel, Kate sai de seu devaneio e vai ver sua filha; pega a chupeta da menina, lava e entrega a ela, e vai dormir...

O despertador toca, e junto sua campainha. Kate atende a porta e a babá da sua filha entra e lhe entrega um copo de capuccino de chocolate. E Kate começa a arrumar seu material para mais um dia de faculdade.

— Senhora, está esquecendo o jaleco e o estetoscópio! Rapidamente, Kate vira e pega suas coisas, agradecendo Cassandra.

Kate estava sentada em dos bancos em frente a faculdade, relembrando:

“Para! Por favor! Eu tenho 16 anos, não sou mulher ainda, por favor paraaa!”

Com as mãos em cima do corpo nu de Catteryne, Marcello a apertou e levou uma de suas mãos até a boca da garota e começou o ato mais cruel com o corpo feminino, enquanto Kate chorava em silêncio, sem escapatória.

Chorando muito, a mafiosa ouve alguém se aproximando e olha para cima.

— Pietro, é você?!–“ por que você Pietro? “ pensa enquanto se recompõe —Me assustou... o que está fazendo por essa área?

O jovem brasileiro sentou-se ao lado dela e respondeu:

— Andando para refletir, mas... e você, por que está chorando?

— Nada, eu vou ficar bem.

— Kate, o tempo cura tudo, você vai esquecer o que quer que seja!

O jovem tentou confortá-la, mas sem sucesso. Então, a garota despejou as palavras como se fossem pesos saindo dela:

— Não, a gente não esquece, apenas se acostuma. É como uma dor de cabeça... às vezes você toma remédio e aquilo melhora, mas quando você está com a cabeça doendo e ignora, você vai se acostumando, e aquilo vai se tornando insignificante, até que você pensa que passou, mas, na verdade, você só aprendeu a conviver com a dor, o meu motivo é quase igual, não esqueci, apenas me acostumei...— “Por que tem que ser tão intrometido?”— é assim que o mundo funciona.

Sem saber o que fazer, Pietro a abraçou, a mulher se assustou com o ato, mas estava tão vulnerável que não resistiu e começou a chorar. Quando percebeu que o choro tinha cessado, ele indaga:

— Se sente melhor? Vamos dar uma volta? Que tal um cinema e um sorvete?

Com um sorriso, Kate fez que sim com a cabeça e pegou a bolsa.

No cinema, Pietro olhou para o lado e a viu concentrada no filme. Ele admirava cada movimento que ela fazia, o piscar dos olhos, o jeito que levava um punhado de pipoca na boca, o jeito que mastigava...

“Ela é linda... que mulher incrível! Só admirei uma mulher assim quando olhava minha mãe, aquela sim merecia respeito, mas essa mulher... ela é diferente, incrível, forte, não consigo acreditar que existe mais dessas mulheres, minha irmã sentiria inveja de vê-la, tão delicada, mas, ao mesmo tempo, toda bruta”

— Oi, Terra chamando Pietro... O filme acabou. Vamos? — Kate brincou, balançando a mão em frente ao rosto do jovem, que saiu de seus pensamentos confuso. Ele sorriu e foi a caminho da saída, olhou para o lado e Catteryne estava com os olhos brilhando ao ver uma casa de bonecas e repetia que tinha que dar isso a sua filha. Pietro riu alto e disse:

— É para sua filha ou você vai montar para deixar guardada num canto do quarto para não quebrar por que você achou linda? — Kate lançou um olhar de raiva, mas começou a rir junto.

— Bom, então acho que devo comprar duas, certo? Uma para ela e uma para a casa!

Indo em direção a praça de alimentação e rindo, o casal de conhecidos estava se cutucando com algumas indiretas, quando chegaram ao restaurante desejado.

— Tá, então quer dizer que você veio para a Itália por que você matou o filho do chefe de facção do Brasil? Olha, coragem é uma coisa que você realmente tem! — Kate brincou com as batatinhas enquanto ria da situação que Pietro dissera a ela há alguns segundos.

— Mas e você, dona Realeza, seu pai era chefe da máfia mais forte da Itália, mas quis que você nascesse e crescesse até os 14 anos na Argentina. Você veio com a sua mãe para cá, que, por acaso é uma cirurgiã geral. Você foi criada em um bairro nobre, sendo muito mimada e ainda quer rir de mim? Hipocrisia né, princesinha?

A garota, em gesto brincalhão, jogou um guardanapo no rosto de Pietro, que devolveu o ato. E os dois começaram a rir. Então, ele parou um instante para observar o sorriso de Kate. Ele se distraiu naquele sorriso e foi acordado com ela o chamando para ir embora.

Logo pela manhã, Kate preparou tudo que precisava e se vestiu para a faculdade - quase ninguém sabia que ela estava fazendo. Ela queria honrar o nome de seu pai continuando a máfia dele, mas o sonho de ser uma boa cirurgiã, igual a mãe, sempre a seguiu. Estava em seu terceiro ano de faculdade... uma aluna dedicada e muito inteligente. Separar a vida do crime da vida de universitária não era fácil, mas a jovem não iria renunciar a nada.

— Oi Kate, ontem eu vi você no shopping... aquele rapaz é seu namorado? Por que nunca conhecemos ele? Na verdade, não sabemos nada sobre você.

Catteryne, assustada, se vira e vê Marya, uma colega de turma que fazia tudo para saber de sua vida.

— Desculpe, como? Eu não estou namorando, e fui resolver alguns problemas pessoais com o rapaz, e outra, a minha vida fora da faculdade não interessa a você nem a ninguém, entendeu? Agora vamos olhar para o professor que já chegou, né?

Do outro lado da cidade, Pietro estava inquieto, preocupado e assustado, até que seu telefone toca.

— Alô? Jéssika, que saudade que estou de vocês, como vai o pai e a mãe?

— Estão bem, Pietro, mas não podemos sair de casa, pois o Caio está atrás de você ainda Pi. Mano, você vai acabar matando nossos pais. Você precisa resolver isso, porque não estamos mais seguros!

— O quê? Diz para todos que eu morri, Jéssika, inclusive para a mãe. Por favor, Jessi, isso é para salvar vocês. Diz que um dos “irmãos” já cuidou do meu corpo. É o melhor a se fazer agora, não posso voltar ao Brasil por enquanto.

— Pietro, você está louco!

O rapaz é interrompido com vários barulhos de tiros. Ele se despede da irmã e desliga o telefone, pega sua arma e fica de olho no movimento. Quando vê, é um homem de aparentemente velho. A dois metros está dois corpos, um casal desacordado, e na frente do homem há uma criança – a idade não dava para definir. Com raiva do que o homem estava fazendo, Pietro saiu atirando para os lados, sem correr o risco de acertar a pequena. O homem foge, e Pietro pega a criança. Quando pensa em ir atrás do cara, vê homens de terno preto imobilizando-o e levando-o a uma van.

Pietro, com a criança chorando no colo, vai para casa e cuida da pequena, liga para uma das integrantes de sua gangue e pede para que leve roupas infantis femininas e coisas para higienizar a criança, pede também para que seja tudo rápido, pois ele não tocaria no corpo nu da criança nem para dar banho.

A espera durou pouco mais que quinze minutos. Ele ouve a campainha e deixa e menina assistindo desenhos no sofá, abre a porta e puxa a jovem para dentro.

— Obrigada por vir, Loryn. Dê um banho nela, deixe-a confortável. Vamos levar ela para se divertir, comer algo e depois não sei o que fazemos. — Pietro estava perdido.

A jovem indo em direção da pequena responde rapidamente para Pietro:

— Ei, relaxa tá?! Agora fica aqui na sala que eu vou cuidar dessa princesinha! — Indo em direção a pequena menina, ela pergunta com um sorriso no rosto:

— Oi princesinha, qual seu nome? Fala para mim... para a titia falar para aquele tio de cara feia ali! — Pietro a manda calar a boca num tom descontraído, quando ouve a voz da criança:

— Soffia, tia. Meu papai brigou com aquele moço. O papai morreu?

Os dois se entreolham, e Loryn diz para a pequenina:

— Vamos falar disso outro dia? Agora é hora do banho de princesa! Olha quanta coisa cheirosa você vai passar, e tenho roupas de princesa também. Vamos?

Soffia sorri e dá a mão para a mulher, as duas vão em direção ao banheiro, e Pietro cai esticado no sofá. Da uma olhada para Loryn e Soffia e imagina sua vida com filhos e uma esposa, no meio desses pensamentos cai no sono, mas acorda com uma ligação. Era sua irmã novamente:

— Oi Jéssika, o que foi agora?

— Pietro. A mãe e o pai acham que você está morto. Eu falei para o Caio a mesma coisa, mas ele descobriu que você está vivo. Por favor, cuidado!

— Calma Jessi, eu vou me cuidar aqui, por favor cuida da mãe e do pai. Ele não vai entrar aqui, eu te amo, e amo nossa família. Se cuida, minha vida! Tchau!

Saindo do quarto onde a pequena tinha adormecido depois do banho, Loryn indaga o jovem:

— Está tudo bem, amor? Está meio preocupado...

— Loryn, não me chama assim, estamos saindo há um mês, já disse que não somos nada além de duas pessoas que estão saindo as vezes, e sim, estou bem. Soffia acordou? Vamos levar ela para comer algo. Nesse mesmo momento, a pequena acorda e, animada, pergunta:

— Tio, a gente pode comer aquele lanche com M que tem carinha feliz?

Pietro olhou aquele rostinho que brilhava, pegou as chaves, a carteira, e ofereceu carregar a menina nos ombros, a garotinha aceitou o convite, e Pietro foi ao shopping com Loryn e Soffia.

•••

— ... Então sempre que um paciente estiver nervoso ou assustado com o procedimento que será feito, procurem não focar nos riscos, e sim confortar e mostrar confiança para os prós. — O professor é interrompido por um toque de celular. — Dra. Catteryne, a senhora poderia sair para atender ou desligar esse telefone?

Kate, com vergonha, se levanta e vai atender o celular.

— Oi, agora estou ocupada... o que vocês querem?

Do outro lado, Jô estava assustada.

— Patroa, código preto senhora!

— Eu só vou poder estar aí às quatro horas, mantenham-no amarrado!

Kate desliga o celular e, quando olha para trás, está seu professor assustado. Catteryne, gaguejando, se explica:

— Pro-professor, é... ãh... Meu cavalo, ele comeu muita maçã e está agitado, então pedi para deixarem amarrado no estábulo até eu chegar...

O professor suspira e manda a aluna entrar.

“Sério Catteryne, um cavalo?! Não tinha nada melhor para inventar?”.

Pensa em como a garota ficou aliviada por essa desculpa idiota ter funcionado...

Kate sai da universidade e vai buscar sua filha. Naquela manhã, a babá tinha deixado Isabel na escolinha.

— Mercy, que saudade que eu estou de você, passa lá em casa depois, amiga, umas 20h30... precisamos colocar a fofoca em dia.

A negra se assusta com o abraço da amiga e confirma o horário, as duas se despedem e Kate vai para a casa deixar a filha com a babá novamente.

•••

— Cadê o tal sujeito?

A mafiosa, irritada, está com alicate na mão. Ela virou e viu ele, não acreditava naquilo...

— Você? O que está fazendo aqui? Vocês não tinham ido embora?

O homem, amarrado na cadeira, responde:

— Olha como a minha abelhinha está grande... Eu voltei para cá há dois meses desde que sua mãe ficou em coma vegetativo. Estava te procurando, filha!

Kate sente seu rosto pegar fogo, ela começa a ficar vermelha. Com um grito, ela rebate o que o rapaz disse:

— Seu idiota, cala essa boca, você nunca será meu pai, e... — Agora com o rosto preocupado, ela termina a frase — ... o que houve com a mamãe? O câncer dela piorou? Na real, eu não quero saber, Leonard, pendure ele pelos braços...

O homem, pendurado e nu, começa a implorar pela vida, e Catteryne apenas balbucia:

— Acho que poderei me vingar de você, não é mesmo?

Com o alicate em mãos, Catteryne olha fixamente nos olhos de Marcello, ele, em desespero, grita:

— Kate, isso foi há anos... pelo amor, me perdoa, não irei fazer isso novamente, juro! Não me mata, Kate! Minha abelhinha...

A jovem, irritada e com lágrimas nos olhos, berra:

— Não me chame assim, seu monstro, você acabou comigo, e acabou de destruir uma família! E você aproveitou de uma menininha. Cadê ela?

Ele, chorando, grita:

— Não sei, um rapaz de tatuagem estranha atirou para os lados e pegou a garota.

Ela foi direcionando lentamente o alicate até os órgãos do homem, olhou no fundo dos olhos e fechou o alicate com toda sua força, sentiu algo esguichar no seu rosto e viu o homem se debater.

— Matem–o! E se livrem dos órgãos também!

•••

— Pietro, você está com alguma criança?

Kate pergunta a ele quando o encontra no shopping.

— Kate, estou sim, eu a peguei de um cara que...

Catteryne interrompe o rapaz e fala com um tom sério:

— Eu estou sabendo, eu o matei há uns minutos. Ele falou que um rapaz de tatuagem esquisita pegou ela, então só lembrei de você com uma tatuagem esquisita!

Ele ri e aponta para o brinquedo:

— Aquela é Soffia, a garotinha, estou cuidando dela, junto de Loryn, uma garota da minha gangue, ela está feliz aqui, e precisa distrair a mente em relação ao que aconteceu com ela, não é mesmo?

Kate se lembrou da sensação das mãos do padrasto em seu corpo...

— É, fez o certo, nesse momento ela só precisa de cuidados. Tchau. Eu preciso ir.

A mafiosa foi para um local isolado no shopping e começou a chorar, ela sentia sua respiração ficar dificultada, seu peito doer, suas pernas tremerem e sua cabeça latejar, estava tendo uma de suas crises de ansiedade, até que ela ouve uma voz familiar para seus ouvidos:

— Senhorita Ángel, achei que já tinha ido embora, você está bem?

Enxugando o rosto, ela olha pra cima. “Pietro, por que sempre ele?”, pensou.

— Eu estou bem! Ai, meu Deus, quem é essa gracinha aqui? Pietro olha para Soffia e apresenta as duas.

— A gente poderia levar ela e sua filha a um parque para elas brincarem, não acha?

— Claro, pode ser amanhã? Eu te vejo em frente a minha boate. Eu fico com as meninas amanhã a noite!

Kate foi em direção à saída quando ouviu uma mulher a chamar:

— Catteryne, não é? Você acha que não vi você com o Pietro? O que você acha que eu sou? Idiota? Quer dar uma de amante na minha cara?

Kate se virou e viu uma arma apontada para seu rosto. Automaticamente, ela tira sua arma da bolsa e aponta para a garota de volta:

— Do que você está falando, sua louca? Eu não sou amante de ninguém não!

Pietro desesperado chega até as duas, com a criança no colo. Com a mão ele deita o rosto da menina em seu ombro e grita:

— Loryn, Kate é a mulher que me salvou do mafioso, ela tem uma filha também, deixa ela em paz, Loryn, e outra, se eu não tenho nem namorada, vou ter amante como?

A jovem loira se irritou e posicionou o dedo na trava, estava pronta para puxar o gatilho. Do outro lado daquela arma estava não mais uma Catteryne mãe e amiga, agora estava Ángel de la muerte, uma mafiosa impiedosa, pronta para atirar. Quando as duas saíram de seus olhares raivosos com o som do toque de celular, Pietro se afastou e foi atender:

— Alô?

— Pietro, nem acredito, sua irmã passou seu número... onde você estava antes de sumir? Vem buscar eu e Ruggero no aeroporto, por favor!

— Puta que pariu, Miguel, você está louco? Quer me matar? Já vou, não saiam daí e nem falem com ninguém, por favor.

Ele olhou as duas mulheres se encarando de novo e gritando, então, com pouca paciência, ele berra:

— Da para as duas sossegaram? Kate, cuida da Soffia para mim? Preciso resolver um “B.O” agora. Loryn, você vai para minha casa separar uma roupa bonita para a menina, e sete e meia você leva para Catteryne na boate. — Entregando a menina para Kate, Pietro sai apressado.

As duas mulheres saem atrás de Pietro, gritando para ele resolver aquilo. Ele devolve o grito com poucas palavras:

— Vocês são mulheres adultas, e você, Kate, é uma mãe, se vira um pouco, vão para casa agora!

As duas, vendo o rapaz se afastar, foram cada uma para um lado.

Kate chega finalmente em casa, coloca a criança no cercadinho da filha, e vai ver a sua pequena. Dormindo, a babá, então, aparece atrás dela e a assusta:

— Cass, que susto, menina, tem uma mamadeira reserva de Isabel? Prepara um leite e dá para a menininha que está na sala. Eu vou me deitar um pouco, e se Mercy aparecer aqui, me acorde!

Cambaleando até o quarto, Kate se joga na cama e, automaticamente, dorme.

•••

— E aí, mano, como você “tá”?

Pietro cumprimenta Miguel com um toque de mãos e uns abraços, e Ruggero aparece atrás, esperando para falar:

— Você pode falar o que aconteceu, mano? Tua irmã simplesmente apagou as redes sociais, ela mandou seu número e sumiu... o que você fez?

Pietro leva a mão no cabelo e fala:

— Vamos para casa, eu explico no caminho.

Os três amigos entram no carro e vão em direção à casa do jovem. No instante que estavam os três no carro, Pietro começou a contar:

— Demorou uns dois meses para eu formar minha gangue aqui, não posso dar muitos detalhes por segurança mesmo, mas eu saí do Brasil porque matei o filho do Caio. — Miguel e Ruggero se olham e os dois em coro perguntam:

— O filho do chefe?

Pietro olha pela janela, com o rosto quente e vermelho de raiva, e responde:

— É... o filho do chefe, todo mundo passou pano para aquele desgraçado, mas eu não, eu não podia deixar ele abusar da minha irmã e sair ileso, não aceito isso com qualquer mulher, muito menos com uma mulher da minha família!

— Dona Kate, a senhorita Mercelly está lhe esperando, e as meninas estão no cercadinho brincando.

Kate abre os olhos e diz a Cassie que ela está indo, pega o celular e avisa Pietro que terá que cancelar o parque, coloca suas pantufas e vai para sala.

— Oi, amiga. Não sabia que você tinha duas filhas... — diz Mercelly, apontando para as duas crianças brincando com pequenas bonecas de plástico. Kate olha aquilo e, por um momento, deseja outra filha. Ela se senta com a melhor amiga e começam a conversar, quando é interrompida por uma ligação:

— Oi?

— Kate, por favor, me ajuda? Sabe a área da gangue Santoro? Então, preciso que venha aqui. — Ela ouve um barulho de tiro, e a ligação cai.

— Amiga, eu preciso resolver uma coisa rapidinho, não demoro.

Quando ela está na porta para sair, Kate percebe que está de pijama. Com muita pressa, ela vai em seu guarda-roupa, pega um vestido preto e curto, que fica justo em seu corpo, pega uma bolsa, coloca duas armas e várias munições, e corre.

— Você sabe que não deveria estar aqui, camarada... quer mesmo levar bala na cabeça?

Pietro estava com uma arma na mão e outra com Miguel, mas Pietro suava frio, pois ele estava sem seu grupo, e aqueles vagabundos estavam em dez. Pietro não sabia o que iria fazer quando, de repente, vê uma mulher exuberante; percebeu que era Kate. Ele, então, grita:

— Kate, aqui!

A mulher, então, vendo Ruggero dentro do carro, discretamente vai para trás do carro, se esgueirando para o banco traseiro, senta do lado de Ruggero, carrega a primeira arma de sua bolsa e entrega na mão dele:

— M–mas não sei usar isso, moça! — Ela, estressada:

— Seus amigos estão trocando tiros com mais de oito negos. Então deixa de ser um moleque medroso, e vamos salvar a pele desse cara logo. — Kate abre a porta do carro, e da um tiro certeiro no braço de um dos homens rivais. Pietro continua atirando, acertando pernas, braços e barriga. Miguel, com pouca experiência, acerta aos lados. Quando o rapaz que ligou para Kate percebe a mesma ao seu lado, agradece sua presença, mas ela o ignorou e apenas continuou atirando, até que Pietro grita:

— Não vamos dar conta, vou ligar para Loryn!

Com três tiros certeiros ela derruba três homens e grita:

— O quê? Tá de palhaçada com a minha cara? — Seu ego era tão frágil que não aceitava que poderia existir alguém tão capaz quanto ela.

O garoto confuso com a reação da mafiosa responde, atirando no ombro de mais três:

— Catteryne, estamos no meio de um tiroteio, você vai ter ataque de ciúmes agora?

— Ciúmes não idiota, foda-se se você quer chamar qualquer uma, mas eu sou a melhor, nenhuma vai fazer isso melhor que eu, não precisamos de mais ninguém.

A garota puxou Pietro e Miguel, jogou eles no carro. Quando se vira novamente, o chefe da gangue está com a arma em sua cabeça e a agarra pelo pescoço, e diz:

— Matar você renderia um bom negócio para mim, mas você é uma delícia, posso aproveitar mais de você. Pietro vendo aquela cena e se lembrando da irmã, saca novamente a arma, salta do carro, vai do lado do líder, coloca a arma em seu rosto, e aperta o gatilho, o homem cai, e a jovem cai ao seu lado, devido a força que aqueles braços a detinham.

— Obrigada Kate, de verdade, você me ajudou, e sobre essa crise de ciúmes, amanhã vou tomar um café com meus amigos, você pode ir para conversarmos sobre.

— Não muito obrigada, tem coisas e gentes bem mais interessantes amanhã!

O casal de amigos entra cada um em um carro e vão para suas casas. Chegando lá, Kate vê Mercelly dormindo no sofá, ela se troca, coloca seu pijama novamente, e chama sua melhor amiga:

— Mercy? Desculpa a demora, acabei perdendo a noção do tempo.

— Oi Kate, fica tranquila, dei banho nas meninas, e achei umas munições de armas, então guardei na sua caixinha de cristal.

Pietro estaciona o carro e quando olha para a porta, vê Loryn, nervosa e inquieta. Assustado, ele pergunta:

— O que você está fazendo aqui, Loryn? Já é tarde, vai pra casa!

A garota raivosa devolve:

— Você estava com ela, não é? Você estava com aquela vadia, né?

A garota ergue a mão para dar um tapa no rosto do rapaz, que a segura pelos dois braços e, nervoso, fala:

— LORYN, eu e você não temos nada! E eu estava com ela sim, até porque ela me ajudou a escapar de um tiroteio, e outra, se eu estava com ela ou não, você não tem nada a ver com isso, você não é minha namorada, a gente só fica, então, por favor, para! — Se direcionando aos amigos, Pietro pede que entrem na casa que ele já irá entrar também. — Agora, Loryn, tem como você deixar de ser maluca, por favor? Porque senão eu terei que te afastar até da gangue, se você for ficar me olhando com esse ódio...

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