A recepção do prédio era intimidante, com suas paredes de mármore branco e um silêncio que parecia gritar que ela não pertencia ali. O olhar impassível da recepcionista deslizou por Sophie como se ela fosse invisível.
"Tenho uma reunião com o senhor Donovan," Sophie mentiu, com a voz mais firme do que esperava. A recepcionista ergueu uma sobrancelha, mas antes que pudesse perguntar, Sophie continuou: "É sobre Clara Duarte."
A menção ao nome de sua mãe, estranhamente, fez a expressão da mulher mudar por um breve momento, mas logo ela se recompôs.
"Por favor, aguarde um momento." A recepcionista pegou o telefone, falou algo em voz baixa e indicou o elevador. "Último andar."
Sophie sentiu o estômago revirar. Era agora ou nunca.
Quando as portas do elevador se abriram no 45º andar, ela foi recebida por uma sala ainda mais imponente, com paredes de vidro que ofereciam uma vista deslumbrante da cidade. No centro, havia uma imensa mesa de madeira escura, mas foi o homem ao lado da janela que roubou sua atenção.
Arthur Donovan não era apenas impressionante. Ele parecia esculpido, com ombros largos, um terno perfeitamente alinhado e uma expressão impenetrável. Seus olhos, de um azul cortante, pousaram sobre Sophie como se ele já soubesse cada detalhe sobre ela antes mesmo de ela falar.
"Você é muito ousada, entrando aqui sem um verdadeiro compromisso," ele disse, sem nem se virar completamente. A voz era grave, carregada de autoridade.
Sophie engoliu em seco, mas não recuou. "Minha mãe, Clara Duarte, desapareceu há sete anos. Encontrei registros que ligam ela a sua empresa antes disso. Você sabe algo, senhor Donovan?"
Arthur se virou para ela com um movimento calculado, os olhos estreitos. Ele não parecia surpreso pelo nome de Clara, o que apenas confirmou as suspeitas de Sophie. Ele sabia algo.
"Seu nome é Sophie Duarte, certo?" ele perguntou, cruzando os braços. "Você tem coragem. Mas coragem não é o suficiente para obter as respostas que quer."
"Então você sabe o que aconteceu com ela." Sophie deu um passo à frente, seu tom desafiador. "Se você acha que vou desistir só porque está tentando me intimidar, está muito enganado."
Arthur a estudou por um momento que pareceu eterno, antes de um leve sorriso - quase imperceptível - curvar seus lábios. "Interessante. Você tem mais fibra do que eu esperava."
Ele deu um passo em sua direção, a distância entre os dois diminuindo. Sophie tentou não se intimidar com a altura dele, nem com o perfume caro que parecia envolver o ambiente.
"Clara era... uma mulher extraordinária. Mas você não vai encontrar o que procura invadindo meu escritório com teorias vagas e documentos incompletos," ele disse, inclinando a cabeça levemente. "Eu posso até ajudá-la. Mas isso tem um preço."
Sophie cruzou os braços, tentando ignorar o arrepio que percorreu sua espinha. "Não estou aqui para barganhar. Estou aqui por respostas."
"Respostas," Arthur repetiu, como se a palavra fosse um enigma. Ele a estudou por mais um momento antes de se virar novamente para a janela. "Então comece com algo simples: você está disposta a ir até o fim para encontrá-las?"
Sophie sentiu o impacto daquela pergunta. Algo sobre Arthur parecia perigoso, como se ele fosse o tipo de homem que nunca oferecia nada sem esperar algo em troca.
"Sim," ela respondeu, a voz firme. "Vou até o fim."
Arthur se virou para encará-la novamente, com um olhar que parecia atravessar sua alma. "Então prepare-se, Sophie. O fim pode ser muito mais escuro do que você imagina."