O amor é o combustível do mundo. No final das contas, as ações
serão decididas pelas emoções, pelos sentimentos incendiados pelo
amor. Quem sofre, mata, desiste ou perdoa, sempre o faz por esse
ainda não definido, embora incontáveis descrições possua, e
arrebatador sentimento, constantemente chamado de amor.
Uma pessoa nasceu agora, e seu nascimento é celebrado. Sua vida é
alimentada, ela cresce se sentindo especial, e quando as frustrações
começam a lhe atingir, ela se frustra porque seu coração acredita
que aquilo é um atentado ao que sente. "Não sou mais amada". A
dor em seu peito reverbera alto pela falta do que realmente importa a
toda pessoa viva neste planeta: amar e ser amado.
Quando se sente que o amor lhe traiu, ou foi tomado, a sensação de
dor é incomensurável. Não há preço que se pague para aplacar o
sofrimento deixado por essa ferida. Não há vingança que remedeie ou
seja o bastante para curar a ausência de quem se ama. Pois o amor só
quer o seu amor, o seu ser amado.
É por isso que se busca o poder, para isso que constroem palácios,
estruturas, reinos imensos, para preservar e proteger aquilo que se
ama. E é para isso que se corre atrás de vingança, quando o amor
lhe é tirado. Todas as ações feitas sob o Sol, todos os
pensamentos e planos de conquista, futuro, destruição e harmonia,
todas as vontades de ir e ficar, iniciam nessa chama ardente,
queimando incessantemente em cada coração, de cada ente que habita
esse planeta misterioso.
Ticê experimentou esse amor pela primeira vez nos olhos de uma bela
cunhã. Embora não soubesse que era assim que se chamava o fogo em
seu peito, ela amou e amou a cada dia a forte e imparável filha da
deusa da guerra, Conori, a vermelha. E esse amor lhe deu tudo, e lhe
tirou tudo também, fazendo-a ter que recomeçar, se reinventar e
descobrir até que ponto iria por aqueles olhos cor de fogo ardente.