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A amante

A amante

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

Miguel é um homem realizado, feliz, com a sua mulher e os seus projetos, quando conhece Raquel. Uma jovem linda, tão diferente dele mas ao mesmo tempo tão igual, com os mesmos interesses, que o faz questionar se está no caminho certo.

Capítulo 1 No café

Como habitualmente, Miguel bebia o café e lia o jornal no bairro em que cresceu. Sentia-se em casa e as memórias eram muitas. O dono do café era um amigo da família. Não se podia sentir mais à vontade. De repente foi surpreendido por um toque nas costas, de tão concentrado estava na leitura do jornal.

- Oh, Paulo! Há quanto tempo!... Então, como estás?

-Ótimo! E tu continuas a vir de tão longe todos os dias para vir beber café e ler o jornal.

- Epá, sabes como é! Gosto da minha privacidade e prefiro estar num ambiente familiar.

O outro sorriu.

- Fazes bem, pá! E ainda por cima tendo em conta que és um VIP. Olha, eu já há algum tempo que não vinha aqui!

- Pois, isso sei eu! Nunca cá te vejo.

Amigos desde infância, Paulo nunca deixou o bairro, onde ainda vivia na casa da falecida mãe.

- Pois é, é raro cá vir. Mas hoje tenho um encontro.

- Ah, muito bem! E eu conheço a sortuda?

- Não, mas já a vais ver. Deve estar a chegar. Combinámos beber café aqui.

Miguel soltou uma gargalhada.

- A sério? Convidas uma miúda para beber café contigo aqui, onde toda a gente te conhece?!

- Que é que tem?

- Epá, tu não mudas nunca. Olha, boa sorte!

- Obrigado. Vai correr bem, vais ver. Ainda por cima a miúda é muita gira!

O outro ria sempre com as peripécias deste amigo, que não perdia a esperança de encontrar uma boa companhia. Nunca casou e não pretendia casar. Achava que estava melhor assim, sem complicações. "O que não falta por aí são mulheres para amar, para quê cingirmo-nos só a uma?"

De repente, as suas atenções centraram-se na porta do café, onde acabava de entrar uma jovem, de estatura baixa, cabelos compridos castanhos, pele branca, muito clara. O rosto era tão belo que parecia um anjo que acabara de descer à terra e estacionar ali. Parecia procurar alguém. Viu-o e o olhar dela mudou. Reconheceu-o, sem dúvida. Desviou o olhar. Olhou para a mesa onde Paulo se tinha sentado e sorriu. Dirigiu-se para lá. Era ela. A rapariga do encontro. Paulo tinha razão. Era linda. A mais linda que ele já vira.

Será que o amigo iria ter sorte? Dos seus lábios saiu um "Esperemos que sim", mas na sua mente e no fundo do seu coração sabia que a resposta era diferente. Olhou para eles. O amigo trocou um olhar com ele. Piscou-lhe o olho. Tinha de correr bem. O amigo era livre que nem um passarinho. Ele era casado e feliz. O que é que ele estava a querer inventar?

Ela topou que Paulo trocava olhares com o outro.

- Conhece-lo?

- Quem? O Miguel? Há largos anos! Somos amigos de infância.

Ela sorriu.

- Não me tinhas dito que tinhas amigos famosos. Muito bem!

- Não calhou em conversa, linda. Mas também ainda temos muito tempo para essas conversas.

- Tens razão. Até porque há conversas mais interessantes para se ter.

- Ora nem mais! Cada vez mais me convenço que falamos a mesma língua.

- Ah, ainda não tinhas reparado? - sorriu.

Ele riu. Como era bem-disposto! Mas o que ele queria já ela sabia! E essa língua ela ainda não estava disposta a falar com ele.

- Paulo, há quanto tempo não aparecias por cá! E hoje tens companhia.

- É verdade, Sr. Joaquim! Já agora aproveito para lhe apresentar: é a Raquel, uma amiga. Raquel, o Sr. Joaquim, dono deste simpático café.

- Muito gosto, Sr. Joaquim!

- O prazer é todo meu? O que é que a menina deseja tomar?

- Um café, por favor!

- Com certeza! E tu, Paulo, o costume? Hoje ofereço eu. Não é todos os dias que trazes cá uma companhia de rara beleza.

Ela deu uma gargalhada agradável e sincera.

- Oh, obrigada, Sr. Joaquim, é muito simpático!

- Vou buscar, então! Paulo, queres as notícias?

- As notícias são por minha conta, Sr. Joaquim, que já li que chegue! - ouviu-se uma voz conhecida. - Aqui tens o jornal, Paulo, se quiseres.

- Obrigado, Miguel! Então, leste alguma coisa que não te agradou?

- Tanta coisa que não me agrada nas notícias todos os dias, meu caro! - olhou para ela e sorriu. O amigo reparou que ele fez de propósito para ele fazer as honras:

- Desculpa, nós aqui a falar... Aproveito para te apresentar a Raquel, a amiga que te disse com quem me vinha encontrar.

Ele, com um largo e charmoso sorriso:

- Olá...

- Raquel, creio que este meu amigo dispensa apresentações. Sabes quem é, Miguel Chaves, deputado e líder partidário.

- Quem não sabe... Aparece todos os dias na televisão.

Ele riu.

- Bom, nem sempre tem as suas vantagens!

- Acredito, trabalhar em política é uma grande responsabilidade.

- Sem dúvida! Todas as noites me tira o sono.

- Tem de tomar calmantes, então. - zombou Raquel. Ele riu de novo. Virou-se para o amigo.

- Uma mulher com bom humor. Já melhorou o meu dia!

O amigo encolheu os ombros, sorrindo:

- Sabes que tenho bom gosto.

Miguel olhou de novo para Raquel.

- Tens mesmo!... Bem, tenho de ir. O dever chama-me! Raquel, foi um gosto. - Virou-se para o amigo. - Paulo, dá cá um abraço. Espero ver-te mais vezes! Vê se apareces um dia lá por casa.

- Claro, depois combinamos!

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