Love Me Like You Do

Eu estava com pressa, precisava pegar a moto na concessionária. Não aguentava mais andar de ônibus, nada contra, mas eu estava ficando desgastada, e cada ônibus que eu pegava acabava dormindo e quando acordava, acordava pior.

Cheguei ao hospital e fui guardar minhas coisas as pressas. Saí da sala onde costumo deixar minha mochila e com muita pressa fui em direção ao elevador.

Eu a reconheceria de longe, e não foi diferente. Ela estava de costas, quantas vezes já a vi naquela situação, mas modéstia a parte era uma bela visão, sem roupa era melhor ainda. Ainda não tinha certeza se queria que ela me visse, afinal fiquei meses correndo dela, minto foram dois anos evitando ao máximo encontrá-la. Senti sua falta todos os dias, mas a vida não pára. Acelerei as passadas e fiquei bem atrás dela. Pedindo para que não virasse.

Seu perfume está diferente, mas continua inebriante. O elevador chegou ao mesmo tempo em que entramos no hall, suspirei, estava com pressa, e se eu fosse de escada chegaria junto com o elevador de qualquer jeito. O encontro era inevitável.

Ela entrou e foi para o fundo, continuei na sua cola. O homem que havia entrado primeiro ficou me encarando, estranhando minha reação, eu espero.

Charlotte foi para o fundo do elevador, quando ela virou eu fui para o seu lado. Olhei para o chão e ao levantar a cabeça sorri com o canto da boca. Estava satisfeita em vê-la, ela foi tão importante em minha vida. Demorei anos pra formar o que sou, mas sou o que sou graças a ela. Se não a tivesse conhecido, não teria me lapidado. Ela olhou para mim e baixou a cabeça, depois confusa levantou e me sorriu. Ai, aquele sorriso que jamais consegui esquecer, o que iluminou meus dias mais sombrios, que alegrou as tardes mais tristes, e que encheu minhas noites de vida, até mesmo quando não estávamos mais juntas.

- Ooi. - disse Charlotte.

- Oi. - Não sei porque não consigo tirar esse sorriso bobo da cara.

- Você está bem? - ela disse puxando assunto.

- Sim e você?

- Estou bem. - mas não parecia verdade, ela parecia um pouco triste.

Fazia tanto tempo que eu não conversava com Charlotte, que não me surpreenderia se não tivéssemos mais o que falar.

- Você não tem mais Facebook né?! - ela indagou do nada.

Droga! Tá! Por essa eu não esperava. Hoje era segunda feira, eu estava no hospital e nem era dia de eu estar lá, mas estávamos avaliando os funcionários. Na sexta feira eu havia visto o perfil de Charlotte, suspirei e então a bloqueei, de novo. Cada vez que procurava Charlotte na internet achava que retrocedia dois passos em minha vida.

- Hmm... - OK, eu travei. - Sim e não... - consegui dizer por fim.

- Ah, não acredito que você me bloqueou... de novo! - Charlotte esbravejou. - Pode me desbloquear, o quanto antes! - Essa é a Charlotte que eu conheço! Bravinha e mandona. - E eu vou saber. Vou mandar uma mensagem pra você. - Não pude deixar de sorrir, por dentro e por fora. - Ah, por que você me bloqueou? Ah deixa, vou te mandar uma mensagem amanhã. - mulheres, nós demos o dom de perguntar e responder nossas próprias perguntas.

- Como vão as coisas? - perguntei por fim.

Charlotte e eu fizemos companhia uma a outro por um curto período de tempo. Ela me fez algumas perguntas e eu fiz algumas. Não sei se ela sentia o mesmo, mas parecia que havia um abismo entre nós.

Antes de chegar ao meu destino perguntei sobre sua mãe, alguém por quem eu tinha um grande carinho.

- Ela está bem Lav.- Manda um beijo pra ela.

- Mando, mas só pra ela? - Opa! Espera aí... isso foi um flerte?

- Sim Char, você não merece! - Então eu ri e comecei a atravessar a rua.

- Você não era assim Lav! - Charlotte parecia magoada.

Com as mãos fiz um coração para ela e sai andando. Sem acreditar no que acabara de acontecer.