Dois anos jogados fora foi o que pensei, cobri minha boca em choque pela cena que estava vendo, começou a chover então corri até meu carro, até que eu paralisei, vi um carro vindo na minha direção.
-Você é maluca? Saia da frente. -Eu abria a boca mas não conseguia retrucar, tudo que ouvia era barulhos e via luzes em meu rosto, eu estava tremendo e meu corpo se recusava a obedecer.
-Senhorita?
-Por que?
-Por que?
-Sim, o que eu não tenho? -Perguntei a mim mesma recobrando a consciência quando um par de mãos me segurou.
Eu desabei em lágrimas, encharcada pela chuva que se misturou com lágrimas eu já não enxergava nada, até que perdi a consciência.
Quando acordei estava num quarto totalmente diferente do meu, com um homem sentado à minha frente me encarando.
-Não deve ser uma bela vista.
-Porque?
-Estou acabada, imagino.
-Me chamo Nicolas e você?
-Amy, Amy Giordano.
-Combina com você.
-Obrigada por me ajudar Nicolas, e me desculpe pelo transtorno na rua.
-O que aconteceu?
-Prefiro não falar sobre isso, sabe onde está meu celular?
-Não o vi, precisa ligar pra alguém?
-Sim, um táxi.
-Eu te levo, vamos esperar a chuva estiar um pouco, tome um drink pra aquecer.
-Ok.
Nicolas saiu, e enquanto eu bebia relembrei da cena que eu vi, meu namorado com outra, eu sou uma piada, dou uma gargalhada o que faz o Nicolas abrir a porta, então eu volto a chorar.
-Eu sou feia?
-O que? -Ele se aproxima para tocar minha testa, provavelmente procurando sinal de febre.
-A chuva passou?
Ele negou com a cabeça e então eu agarrei ele pelo seu rosto e o beijei, minha mente estava bagunçada, me espanto vendo que ele não recuou, pelo contrário ele retribuiu.
Seu beijo era ácido e quente, sei que é loucura, afinal ele é um estranho, mas eu preciso disso, posso sentir sua respiração pesada entre o beijo, tirei sua blusa e ele tomou as rédeas.
Ele me jogou na cama enquanto passeava a mão pelo meu corpo, tirando delicadamente minha roupa apesar de ver o seu desespero para me despir, ele sussurrou "Tem certeza? Depois que eu começar prometo que não irei parar Alice". Eu senti arrepios por todo o corpo e ao mesmo tempo me senti culpada por desejar outro homem apesar de tudo.
Nicolas era um homem alto, forte, seus olhos tão claros que parecia que eu ia me afogar , seu cabelo é preto, ele seria a combinação perfeita, mas não para mim.
Depois da primeira rodada ele me carregou até o banheiro e me deu um banho, depois fomos pra cama e ele se deitou no meu peito, parecia que nos conhecíamos há anos. Ele adormeceu e eu fui embora.
-Procurem por ela! Agora!
-Chefe..
-Agora porra! Dei uma ordem clara, não a deixem sair.
-Mas...
Ela deixou um bilhete, a porra de um bilhete, ela realmente não se lembra mesmo depois de tudo? "Obrigada por tudo Nicolas, eu estava péssima noite passada" é tudo o que tem a dizer, depois de te achar vai ser difícil te deixar ir Giordano.
-Chefe, descobri onde ela trabalha.
-Ótimo.
-Amy? Amor?
-Dexter, transei com outro homem ontem à noite.
-O que?
-Transei, e sabe o que foi melhor? Transar imaginando meu namorado com uma loira seu fdp.
-Amy, espere.
Desliguei na cara dele, e antes do trabalho decidi dar uma repaginada no visual, comprei roupas novas e fui ao salão.
Em seguida vou para o trabalho, vejo um burburinho mas sigo até a minha sala, até um dos meus colegas dizer que o novo chefe estava me procurando, ele me levou até sua sala.
-Giordano? Um bilhete, é sério? Nem mesmo o número de telefone?
-Nicolas? -Digo sem esconder o meu choque.
-Depois de anos sem conseguir dormir tão calmamente, descubro que o motivo de não ter tido insônia foi embora e deixou apenas um bilhete.
-E aí você decidiu vir na empresa onde eu trabalho?
-Não.
-Nicolas..
-Eu não decidi vim até a empresa que trabalha, eu decidi comprar a empresa, achei útil.
-Isso é loucura! -Digo me afastando enquanto ele se aproxima.
-Eu não acho.
-Nos conhecemos ontem.
-Parece que te conheço a anos, sei cada pinta que tem no seu corpo e poderia citar todas elas agora mesmo.
-Chega!
-Você fica mais linda ainda de cabelos longos e não deveria esconder suas sardas Amy.
Eu fico assustada e então eu saio correndo da sala em direção ao estacionamento, preciso ir embora agora mesmo.
-Senhorita, se importa de me passar uma informação?
-Do que precisa?
-Feche os olhos.
-An? -Ele colocou um pano na minha boca e eu apaguei.
Abri os olhos e vi o Nicolas andando de um lado a outro com a mão nas têmporas, ele parecia bravo mas quem deveria estar chateada sou eu, um homem que conheci a um dia comprou a empresa que trabalho e me sequestrou, isso é uma piada de mau mal gosto?
-Você acordou, graças a Deus.
-Você é maluco?
-Vai continuar fingindo mesmo depois de ontem?
-Do que você tá falando?
-Seu nome não é Amy, você costumava gostar das suas sardas...
-Isso é demais para mim, eu vou embora.
-Chega Alice!
-Meu nome não é Alice, caramba, eu me chamo Amy, odeio minhas sardas, sou órfã e tenho 20 anos, nunca, nunca vi você na minha vida. -explodo e ele me olha incrédulo.
-Me desculpe Alice.
-Amy, por favor.
-Amy, acho que perdi a cabeça, você parece muito alguém que eu conhecia.
-Entendo, mas agora pode me deixar ir?
-Tudo bem. -Ele me entrega meu telefone que está tocando.
-Meu amor, onde você está?
-Dexter para de me ligar, acabou ok?
-Eu perdoo você Amy, vem pra casa.
-Mas eu não te perdoo, não perdoo mentir pra mim, não perdoo jogar nosso relacionamento inteiro fora e não perdoo ter me traído.
Desligo o celular e jogo no copo de água ao lado da cama, eu suspiro alto e por um momento esqueço onde e com quem estou.
-Por favor Nicolas, não me procure mais, mando minha carta de demissão pela manhã.