Megan perdeu os pais aos 13 anos, num acidente de carro. Eles estavam voltando de viagem, e sofrerem um acidente.
Seus pais não estavam de cinto, e isso resultou a vida dos dois. Mas Megan estava. Mesmo de cinto, Megan bateu a cabeça muito forte. Pelo traumatismo no seu ouvido direito, ela acabou ficando surda, mas ainda sim, implantaram um aparelho auditivo coclear.
Pela falta de audição e esforço que ela fazia, ela logo foi perdendo o jeito de fala comum, o jeito de antes. E foi ouvindo menos ainda sem o aparelho.
Tentamos fazer de tudo para que ela voltasse a ouvir sem o aparelho, mas não deu certo.
Diversas cirurgias caríssimas, mas foi em vão. A perda mista é irreversível. Mas ela gosta do seu aparelho.
Seu aparelho, o extra auricular é pequeno, da cor dos seus cabelos, e ela quase não nota ele, e até esquece. Eu tenho de lembrar algumas vezes antes de dormir ou até mesmo tomar banho.
Megan era morena, seus cabelos eram cacheados e tinha um volume lindo. Ela era uma linda moça, e tão boa, sempre.
Megan era brasileira, seus pais vieram para uma vida nova, e acabaram falecendo. Megan não foi aceita pela sua família e tem uns que eu tenho certeza de que nem imaginam o paradeiro de Megan. Mas isso não importa, né? Não mais.
Quando ela precisou eu estava lá e acolhi ela, ela não reclamou. E então o que tem de errado? Exatamente, nada! Desde então somos irmãs. Inseparáveis irmãs. Ou o apelido mais chamado: "As esquisitas do Campus".
Eu e Megan tentamos a vida longe daquela que nos criou, e viemos morar em New York, na cidade Nova Iorque, para estudar na faculdade NYU. Faço artes e Megan, veterinária.
Viemos aqui, pois passamos na prova, e fomos escolhidas. Cá estamos, juntas. Somos bolsistas felizes e excluídas.
Bom, nos sustentamos com o auxílio que a faculdade disponibiliza.
Como é o nome mesmo?? Ok, eu lembrei!
O nome é: "Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão". Ela é "uma mão na roda" para aluguel, alimento, transporte e mais alguns...
Serve de remédio para a dor de cabeça de alguns bolsistas. Foi Deus quem colocou a mão nas nossas cabeças para disponibilizar a bolsa. Pois veio na hora cera. Todo o dinheiro que juntamos foi para o aparelho auditivo, e o que sobrou, foram para as minhas manutenções. Sim, eu faço manutenções anuais, as vezes ocorrem alguns problemas e elas necessitam ser mensais. Mas isso não é nada demais, certo?!
Todos os dias é um dia muito importante. Por mais que eu não demonstre, amo viver cada minuto, pois sei que os meus são contados.
Estou na fila de espera para um doador, e enquanto ele não aparece, vivo como posso, e o melhor que posso.
Hoje em dia, eu e Megan moramos no segundo andar de um prédio, uma quadra do campus. E perto de toda a civilização, sorte a nossa que não precisamos andar muito para ir ao parque, shopping, ou SORVETERIA.