Azeved

s brancas, um monitor apitando ao meu lado e uma dor surda atrás dos meus olhos. For

, mas distante. "Seu marido saiu há algumas horas. Disse que tinha uma emergência." Meu marido. A

hei os olhos, uma única lágrima escapando. Eu estava farta. Farta das mentiras, farta da dor, farta dele. Um pen

el rolo de destaques. Guilherme. Meu Guilherme. Aquele que costumava rastrear meus voos pelo

de seu escritório em São Paulo: "Contando os minutos para poder te abraçar de novo." Ele sempre me encontrava, não importava quão remota fosse minha locali

s esporádicas. As chamadas de vídeo, que já foram nossa tábua de salvação, tornaram-se

ondia por horas. Às vezes, respondia com um genérico "Eu também". Meus dedos pairavam sobre o teclado, querendo exigir respo

a bagunça. Não quero que você me veja assim." Essa era nova. Em dez anos, ele nunca se importou com sua aparência para mim. Senti uma pontada familiar de autorrecrim

", perguntei, um nó se formando no meu estômago. "É só a Karina", ele disse, "minha estagiária.

areceu notar. Ou se notou, não se importou. O silêncio se estendeu entre nós, um

ormou: "O número para o qual você ligou não está disponível." Meu número estava bloqueado. Olhei para a tela, as lágrimas embaçando minha visão. Meu estômago se contr

estranha mistura de irritação e preocupação fingida. "A Karina deve ter mexido no meu celular. Sabe c

ia substancial. "Pelo seu incômodo", dizia. "Compre algo legal para você." Meu incômodo? Nossa década juntos, minha dor, era tão

exigências de seu trabalho. Foi ele. Sua indiferença. Suas mentiras. Seu comple

ira em ascensão em Florianópolis, me convenci de que a proximidade consertaria tudo. Eu me mudaria para São Paulo, fecharia a distân

zer isso, mas... Guilherme e Karina? Eles estão em todos os lugares. Jantares, noites até tarde, at

o que eu havia imaginado, se estilhaçou em um milhão de pedaços. A verdade, feia e inegável, finalmente me encarou. Gui