Emilly Anderson é uma adolescente de uma cidadezinha estadunidense que perdeu a mãe aos doze anos e teve sua vida virada de cabeça para baixo. Aos dezessete anos, ela esconde as feridas abertas pelo passado em um buraco negro de ceticismo e indiferença, enquanto as lembranças da mãe e da vida antes de sua morte a fazem desejar ser capaz de acabar com tudo. Em meio à inscrições para faculdade e dramas do último ano, ela é obrigada a ser parceira do astro de futebol da escola em um seminário de História. Ryan Matthews, um atleta talentoso, leitor voraz e conquistador persistente, teve seu coração despedaçado pela ex-namorada, capitã da equipe de torcida, ao flagrá-la com um de seus companheiros de time em um evento escolar na frente de todos. O encontro desses dois vai acarretar a fuga de sentimentos excruciantes que eles vinham trancando com tanto afinco no fundo de seus corações. Poetas da Noite narra a emocionante história de amor entre dois adolescentes machucados de inúmeras formas que procuram a cura em palavras eternas que marcam sua vidas finitas, cheias de traumas e esperanças perdidas.
O quarto do hospital estava cheio de flores e presentes, como se fosse uma festa. Mas, o que se passava ali não era segredo para ninguém. Uma filha se despedia de sua mãe, uma irmã dizia adeus à outra, uma esposa declarava o quanto amava seu marido e uma mãe almejava o melhor futuro para as filhas.
— Quero ver o céu. Antes de ir, quero ver o céu. Nate, preciso ver o céu. — Eleanor implorou, após a última visita do médico.
— Okay. Você vai ver o céu, Ellie. — O marido declarou, dando um sorriso choroso à sua esposa. Ela estendeu sua mão para ele que a beijou com uma doçura tão imaculada que chegava a ser incomum mesmo para um casal apaixonado, porque eles não eram só isso. Eles eram uma só alma, e ele sabia que perderia parte dele quando ela o deixasse naquela noite.
— Mãe!
A menina de doze anos irrompeu pela porta do quarto até a cama de sua mãe. Ela enterrou seu rosto no pescoço da mãe, como costumava fazer quando era menor e tinha pesadelos.
— Emilly. — Ellie a chamou com a voz trêmula. — Nate, quero falar com ela sozinha.
Nathaniel assentiu, beijando outra vez a mão da mulher e apertando os dedos da filha, antes de sair.
— Mãe, por favor!
A menina implorou por algo impossível e a mãe teve de fechar os olhos para recuperar a compostura.
— Querida, olha para a mamãe. — Os olhos azuis esverdeados da menina estavam cheios de lágrimas que caiam todas juntas. — Você tem que ser forte, está bem? Papai vai precisar da sua ajuda e a Erin também. Você promete cuidar deles para mim?
Emilly mal tinha voz para responder.
— Prometo, mãe.
— Vai ficar tudo bem, meu amor! Vou estar brilhando por você lá em cima.
— Eu te amo, mãe. Eu amo você. — E escondeu o rosto em sua mãe, outra vez.
— Eu também te amo, Emilly. Mais que qualquer outra coisa.
Os soluços das duas eram a única quebra do silêncio ensurdecedor que pairava sobre o quarto. O laço delas superava qualquer demonstração radical de amor por simplesmente existir.
— Agora preciso que chame seu pai aqui para vermos as estrelas.
— Está bem.
Emilly saiu à procura do pai, deixando a mãe sozinha com seu fôlego curto, falho, e prestes a acabar.
Nate voltou com Emilly, Elizabeth, a mãe de Ellie, Emma, a irmã de Ellie e Erin, sua filha mais nova que não passava dos sete anos.
— Querida, vem aqui com a mamãe. — Ellie chamou sua caçula, enquanto a outra se sentava ao seu lado. Erin fungava pelas lágrimas derramadas no colo de seu pai, quando viu o mesmo chorar incontrolavelmente no corredor do hospital.
Com todos ao redor de Eleanor, Nate abriu o computador com um vídeo que mostrou à Ellie como o céu estava em sua última noite.
— Olha, filha! Sirius e Sirius B. — Ellie disse à Emilly, apontando para a tela. — Eu e você. Sempre, contra a escuridão da noite. Entende isso? Sempre vou estar aqui.
A filha assentiu, engolindo as lágrimas e abraçando sua mãe. Sentindo o cheiro dela e a beijando, enquanto o tempo deixava.
O bip das máquinas continuavam desde o último diagnóstico até se acelerarem e Ellie fechar os olhos.
O ar escapou do pulmão de todos ali, era como se tentassem dar-lhe o ar necessário para voltar à vida, mas esse nunca foi o problema.
Bip, bip, bip, bip, biiiiiiiiip…
— Eleanor. — Elizabeth puxou o ar só para soltá-lo com os lábios trêmulos.
Os olhos da jovem Emilly se arregalaram.
— Pai. — Ela olhou para Nate, sua última fonte de esperança.
— Ela se foi, filha.
A menor se viu com os olhos cheios de lágrimas, outra vez Seu coração pulsava de desespero. Seu mundo desabou e ela só queria acordar daquele pesadelo.
— Não, não, não. — Ela repetia, com tudo o que tinha. Nem mesmo seu pai conseguiu vê-la assim, e apesar das circunstâncias a deixou com o corpo da mãe.
Emma pegou Erin no colo com lágrimas silenciosas e seguiu a mãe para fora do quarto. Emilly balançava a cabeça de um lado para outro, tão rápido, tão rápido, tão rápido e mesmo assim não era suficiente.
Ela acariciava o cabelo da mãe, e a empurrava na tentativa de vê-la abrir os olhos. Nada. Nada era suficiente.
— NÃO! — Seu grito ecoou pelo quarto, pelo corredor, pelos ouvidos de sua família.
Seu pai tremeu com a agonia da filha e entrou no quarto para abraçá-la e chorar e lamentar e gritar e negar e morrer um pouco com ela.