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Flrescendo no Caos

Flrescendo no Caos

5.0
3 Capítulo
8 Leituras
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A vida não poupa ninguém da adversidade, e nem sempre conseguimos entender o propósito dos desafios. A riqueza pode ser um véu, e a estabilidade, uma ilusão. Aquilo que temos hoje pode nos ser tirado amanhã, e nenhum lamento mudará esse fato. Quando elos se quebram, resta apenas a escolha: tornar-se refém do infortúnio ou erguer-se com dignidade. Acreditar ter controle sobre a vida pode ser um engano de alto custo. O verdadeiro teste começa quando não existe rota de fuga, num cenário onde perdas e escolhas difíceis se tornam inevitáveis. O maior desafio será aceitar a dor e encontrar a força para seguir em frente. Restará apenas uma questão: qual o limite entre ceder à adversidade ou se transformar diante dela?

Índice

Capítulo 1 Recursos Limitados

Alana sentiu um peso esmagador no peito, como se estivesse afundando em areia movediça. Não entendia o que acontecia com seu pai e, pior, sentia o abandono das amigas como um golpe frio e traiçoeiro. Sua mente girava sem parar, tentando encontrar explicações, mas tudo parecia embaçado e confuso.

Recordou o dia em que reuniu as amigas para contar o que seu pai havia decidido fazer e, ao não receber apoio nenhum, ainda teve que ouvir: "Alana, não podemos mais andar com você". Ao serem questionadas, disseram: "Você não faz mais parte da nossa realidade".

Isso por acaso é justificativa? E o que significa, afinal de contas? Alana lembrou-se de como ergueu o queixo, forçando um sorriso. "Tudo bem, se é assim que vocês querem", levantou-se e foi embora, mas sentiu o nó na garganta apertar.

Depois, ficou um tempo sentindo uma sensação de peso no estômago, acompanhada de um buraco no coração. Nunca havia conversado com ninguém além de suas amigas e não sabia direito quem era amigo ou não de seu pai; com isso, não conseguia pensar em ninguém que pudesse dar um emprego para ela. Julian também não era uma opção.

A única alternativa era provar ao seu pai que ela dava conta de trabalhar na empresa.

- Mas, francamente, para que isso? Julian fazia o que queria e nunca precisou provar nada. Ele sumia, voltava sempre tarde e o máximo que recebia era uma bronca. Por que tenho que ficar à mercê da própria sorte e provar que posso ter o que é meu por direito? - explodiu em voz alta no apartamento.

A cada minuto que passava, o vazio aumentava; já não sentia vontade de comer ou de se cuidar. As roupas e os acessórios que tanto amava pareciam inúteis. Pensou em vendê-los, mas só a ideia fez seu coração doer, não podia simplesmente abrir mão de suas coisas.

Após uma madrugada de lágrimas e insônia, com os olhos inchados de tanto chorar, Alana não aguentou mais e ligou para o pai. Sua voz tremia, mas ela não conseguia conter as palavras.

- Isso não é justo, pai! Por que sobrou para mim? O Julian faz o que quer, e você nem liga!

"Edgar suspirou do outro lado. Se ela ao menos soubesse..."

- Alana, seu irmão continua me dando muito trabalho e, com certeza, não tem condição nenhuma de herdar nada, mas você é diferente.

- Pai, juro que pensei a noite toda, até mesmo passei a madrugada chorando; nem sei para quem posso pedir um emprego, por favor, papaizinho, você nunca foi assim.

Do outro lado da linha, um sabor de amargura misturado com graça fez Edgar dar um sorriso triste. Era melhor que ela não pedisse emprego para nenhum conhecido; todos os aliados estavam fora. Para manter a empresa, Edgar estava recorrendo a novatos no mercado e procurando oportunidades em que teria menor impacto, para ganhar tempo e se reerguer.

- Que tal você caminhar pela região e ver se não há algum trabalho disponível?

- Pai, eu não sei fazer nada! Como vou me virar sozinha?

- Alana, você já tem 20 anos. E, além disso, passou meses aprendendo conosco. As redes sociais estão aí para você se virar. Tenho certeza de que você consegue.

Ouvir aquilo foi um golpe mais forte do que o anterior; não importa o quanto chorasse, dessa vez seu pai estava decidido. De repente, lembrou-se de sua mãe, que partiu sem avisar, e o medo veio como uma bomba.

- Pai, você nunca foi assim. Por acaso, está doente? - disse em tom sério.

Ao ouvir a possibilidade de estar doente, Edgar percebeu que não podia negar; mesmo que não estivesse, dadas as circunstâncias, não seria nenhuma surpresa se ficasse, mas também não queria deixar Alana preocupada.

- Estou bem, mas, Alana, estou ficando velho e não vejo seu irmão como alguém que pode cuidar da sua segurança; portanto, já que você tem idade mais que suficiente para aprender a se cuidar, é o que você vai aprender. Em breve vou te visitar, está bem?

Vencida, mas ainda com medo presente, Alana concorda e desliga.

Ao olhar para a foto de sua mãe, sentiu um peso no coração; em seguida, uma sensação de formigamento no seu corpo; então, percebeu estar tremendo, mas não sentiu frio. As lágrimas começaram a escorrer e, de repente, sentiu-se tonta.

Alana cedeu ao cansaço, as lágrimas secando em seu rosto enquanto o sono a arrastava. Não se passou nem uma hora desde que havia dormido e já estava acordada; aquela situação não podia continuar. Olhando novamente para a foto de sua mãe, Alana pediu ajuda.

- Mamãe, você foi embora muito cedo. Eu não sei o que fazer, estou cansada, quero voltar para casa. Você não pode me ajudar com o papai?

Ao murmurar essas palavras para si mesma, as lágrimas voltaram a escorrer. Algum tempo depois, ela lembrou-se do pai dizendo para ir procurar algo na região. Ela olhou para a imagem de sua mãe e disse:

- É só isso? Se eu encontrar um trabalho, ele me leva para casa?

Com um respiro fundo, Alana percebeu estar exausta e com fome. Pegou o resto da refeição que pediu por delivery no dia anterior, foi tomar banho e colocou um som instrumental para dormir. Acordou várias vezes ao longo do dia, mas sem disposição para nada, só conseguiu ter um sono longo depois da meia-noite.

Às seis horas da manhã, acordou com disposição e, então, foi procurar o que comer, mas estava tudo vazio. Então, arrumou-se para sair e tomar café da manhã. Enquanto caminhava, teve a sensação de que alguém a estava observando; olhou em volta e não havia nada de mais. Foi quando viu uma cafeteria muito bonita e decidiu que ia tomar café lá. Atravessou a rua e, para sua surpresa, estavam precisando de um garçom.

- Ah, mamãe! É aqui que devo trabalhar? - disse em voz alta enquanto observava o lugar do lado de fora.

Pensou: "Se meu pai só quer ver se consigo administrar dinheiro, não importa o trabalho. Além disso, ele jamais vai querer me deixar como garçonete por muito tempo. Ah, mal posso esperar para voltar para casa!". Cheia de esperança e boas expectativas, Alana pede seu café da manhã.

Ao pagar a conta, ela pergunta com quem podia falar sobre o trabalho. A atendente olhou para ela de uma forma estranha e, então, avisou que precisava mandar o currículo para o e-mail do anúncio. Virou uma situação cômica a visão de uma patricinha tirando foto de uma vaga de emprego para garçonete.

De frente para a cafeteria, havia um supermercado. Então, ela lembrou-se do pai dizendo para apostar em salada e frutas, decidiu fazer compras, aproveitou e comprou algumas outras coisas fáceis de fazer. Mas caminhar até o apartamento com aquelas sacolas pesadas de mercado era muito desagradável. "Na próxima vez, vou pedir pelo aplicativo". Ao chegar em casa, estava com os braços doendo, deitou-se no sofá e tirou uma soneca. Quando acordou, foi pesquisar sobre o que tinha que ter no currículo, criou um com a IA e, então, encaminhou para o e-mail da cafeteria.

Lembrou-se de que havia feito compras no supermercado e, então, ficou animada para mostrar a Edgar que ela o havia escutado. "Quanto mais agradar o papai, mais rápido volto para casa". Mandou a foto das compras no balcão pelo WhatsApp e ficou esperando a resposta, mas ela começou a demorar para chegar. Então, começou a se preparar para guardar as coisas, lembrou-se de que precisava higienizar os alimentos e percebeu que não tinha o que precisava. Começou a pesquisar o que faltava e o era fácil de cozinhar; ficou duas horas montando a lista até finalmente conseguir fazer a segunda compra no supermercado pelo Ifood.

A entrega das compras do supermercado iria demorar. Então, saiu para almoçar; como estava em um lugar com boas opções, logo estava almoçando. De volta em casa, ficou olhando as redes sociais, e um sentimento de vazio tomou conta. Todos pareciam estar vivendo de maneira incrível, mas ela estava prestes a trabalhar como garçonete para convencer o pai a levá-la de volta para casa.

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