pequeno, mas aconchegante - o cheiro de livros misturado ao de grãos moídos criava uma atmosfera quase mágica, como se o tempo ali corresse mais devagar. Ela virou-se para atender o novo cliente com
sas. Como se tivesse aprendido a segurar o mundo com cautela. - Esse lugar é agradável, - ele comentou, olhando em volta. - Silencioso. - É por isso que eu gosto daqui, - Rebeca respondeu, antes que percebesse que soava pessoal demais. Ele a encarou de novo. Havia uma pergunta silenciosa nos olhos dele, mas que ele não fez. Em vez disso, caminhou até uma das mesas no canto, perto da estante de clássicos. Sentou-se, abriu o celular - mas não pareceu usá-lo. Apenas olhou para a tela, como quem pensava demais. Rebeca fingiu que voltava ao trabalho, mas não conseguia parar de observá-lo. Ele destoava daquele ambiente. Era sério demais, alinhado demais, intenso demais. Usava um terno escuro como se fosse segunda pele, mesmo num sábado à tarde. E carregava uma aura de poder silencioso, do tipo que preenche qualquer sala - mesmo sem dizer uma palavra. Ela tentou espantar os pensamentos. Voltar ao normal. Era só um cliente. Um homem bonito, sim, mas também estranho. Provavelmente casado, cheio de segredos e passado. Mas ele estava ali. Sentado. Sozinho. E com o mesmo