eu olho para cima, vendo um homem sentado no banco com a mão cheia de pipoca a caminho da boca. Ele fica me olhando com as sobrancelhas levantadas. — Desculpa — sussurro, colocando uma mecha de cabelo
le não se parece com nenhum garoto de dezenove anos que já vi. Ele tem que ter pelo menos o quê? Uns trinta? Ele bufa. — Estou brincando — declara, sua boca se abrindo em um largo sorriso que faz meu rosto ceder um pouco. — Se não quiser assistir ao filme sozinha, pode se sentar aqui. Foi só o que eu quis dizer. Dou uma olhada para Jay e com quem quer que seja sua companhia, mas então um grupo de rapazes de repente empurra a porta dupla, fazendo muito barulho quando entram no cinema. Eu o vejo afastar o olhar da garota e virar para a comoção, e despenco no assento ao lado do cara por puro instinto, não querendo que ele me visse. — Obrigada — digo para ele. Eu sinto a presença do meu ex no cinema, e as memórias surgem, fazendo com que eu recorde do quanto deixei que ele me fizesse sentir impotente no passado. Só quero uma noite sem pensar em nada. Eu me recosto e tento relaxar, mas então, dou uma espiada de rabo de olho, e a proximidade de um cara que não conheço sentado ao meu lado, de repente, parece uma fogueira escaldante e impossível de ignorar. Viro a cabeça, olhando apreensiva para ele. — Você não é um serial killer, né? Ele franze a testa e olha para mim. — Você é? — Eles são geralmente homens caucasianos e antissociais. Homem bonito completamente sozinho aqui? Hmmm... Ele arqueia uma sobrancelha bem acentuada. — E eles poderiam ser qualquer pessoa — acrescenta, com suspeita na voz enquanto me olha de cima a baixo. O brilho dos anúncios na tela reflete em seus olhos, nenhum de nós se mexe, mas não aguento mais. Dou uma risada baixinha. Estendo a mão para ele, por fim. — Meu nome é Porscha. Peço desculpas pelo vinho. — Porscha? — repete ele, pegando minha mão ao me cumprimentar. — Nome incomum para uma garota. — Na verdade, não. — Relaxo no assento e cruzo os braços, levantando os joelhos e colocando os pés no espaço entre os dois lugares vazios à minha frente. — Era o nome do par romântico de Tom Cruise em “Cocktail”, lembra? Suas sobrancelhas se levantam, com ar de quem não sabe do que estou falando. — Cocktail? — repito. — O filme de 1988 que o bartender faz malabarismos com os coquetéis para divertir o público? — Ah, sim. — Mas ele está com aquele olhar incerto, e eu não tenho certeza se sabe de que diabos estou falando. — Gosta de filmes dos anos 80? — pergunto, apontando para o filme que estamos prestes a assistir. — Gosto de filmes de terror — esclarece e oferece a pipoca para mim. — Este é um clássico. E você? — Eu amo os anos 80. — Pego um pouco e jogo algumas na boca. — Meu namorado odeia o meu gosto por filmes e músicas, mas não resisto. Sempre venho quando tem algo dessa década passando. Eu me sinto estranha deixando escapar sobre um namorado do nada, mas não quero passar a impressão errada. Rapidamente olho na sua mão esquerda, e ainda bem que não vejo uma aliança de casamento. Seria errado ficar aqui com um homem casado. Mas ele apenas me observa com um