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a primeira tenente

a primeira tenente

5.0
1 Capítulo
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Sinopse

Índice

livro retirado

Capítulo 1 Evana

Evana

"Em matéria de amor e guerra,

todas as armas machucam. A

pergunta é, quem viverá para lutar mais um dia?"

Gossip Girls

Meus ouvidos zuniam com a pressão do impacto que tinha acabado de sentir. A proximidade com a explosão me deixou completamente desorientada no meio do fogo cruzado. Tudo estava mais caótico que antes. Mesmo que tentasse não conseguia identificar o que era verdadeiro e o que era fruto da minha imaginação.

Eu sabia que não poderia me levantar sem ser atingida, mas também sabia que precisava achar um lugar melhor para ficar ou seria atingida do mesmo jeito. Não conseguia pensar, tudo rodava, para todo lado que olhava eu não achava uma rota de fuga. A poeira no ar dificultava ainda mais a tentativa de achar um lugar seguro para ficar.

Além de tudo ainda estava sem folego e com o coração batendo na boca, com o medo da proximidade que ouvia. Estava escondida, contudo não era o melhor lugar do mundo, um carro era um alvo fácil para qualquer inimigo. Se desse muita sorte poderia ser amigo, mas quem garantia?

— Estou perdida. — Pensei tentando não entrar em pânico.

Os ruídos aumentaram perto de onde estava e vi um vulto se aproximar. Paralisei, segurando a arma o mais firme que consegui, pronta para atirar a qualquer momento para defender a minha vida. Preferia morrer a ser capturada viva, lutaria o quanto conseguisse.

—Estou do seu lado. — Ouvi uma voz masculina dizer. — Não atire, sou o capitão Harris, está ferida? — Percebi que um milagre tinha acabado de acontecer em minha vida. Com certeza o capitão conseguiria tirá-la de lá. Levantei meus olhos em sua direção e vi sua expressão seria me analisando esperando uma resposta.

Abaixei a arma lentamente, e me encostei novamente no carro tombado onde estava tentando me proteger. Um alívio indescritível tomou meu corpo e várias partes que eu nem sabia que tinha começaram a latejar.

— Não sei, estou um pouco tonta. Sinto algum desconforto, mas nada que me incapacite de sair daqui senhor. — disse ela o vendo parar ao seu lado e observar. Um arrepio passou por meu corpo, ela sabia como Sebastian era lindo e como em combate ele se tornava a ainda mais atraente com sua cara carrancuda e olhar matador. Ele era o oficial mais desejado do exército. No seu 1,90m, olhos cor de mel, uma boca carnuda emoldurados pelo maxilar quadrado. Tudo nele era pecaminoso. Mesmo com a visão ainda um pouco afetada e com os ouvidos zunindo pela explosão, eu conseguia sentir o magnetismo que ele exalava.

— Tenente Hobbins, temos que tirá-la daqui, consegue me acompanhar? — Disse ele. Sua proximidade se tornou ainda mais eletrizante. Era como se cada ponto do meu corpo respondesse a ele.

— Sim senhor, consigo. — Teria que lutar com toda suas forças para não desequilibrar ao levantar, não poderia mostrar fraqueza perto do capitão. Sabia que ele achava que as mulheres não eram feitas para a guerra. A verdade é que ela também achava, na verdade ninguém era feito para uma merda daquelas. Mas fazer o que se quis o destino que ela se provasse mais uma vez? O caminho que ela achou que escolheria, era o da enfermagem, como o capitão achava que toda mulher com um pingo de juizo deveria seguir.

Quando se inscreveu para o exército, queria ajudar os feridos, porém logo que passou pelo portão de entrada e viu o treinamento e a dinâmica do lugar, resolveu que queria fazer parte do pelotão e enfrentar a guerra. Seria salvando vidas de qualquer forma.

Sempre fora muito determinada no que queria, perder os pais tão jovem a fez crescer rápido demais. Queria mostrar ao capitão que ela era forte e confiável, que ela nunca o desapontaria. Precisava provar que era capaz mesmo depois do que tinha acontecido hoje.

— Ok tenente, está vendo aquela fenda? — ele apontou para a direita, onde havia um prédio destruído e alguns carros tombados. Entre os destroços havia uma fenda, uma espécie de corredor. — Iremos direto para lá, andaremos uns 10 metros por ela, existe um carro nos esperando dentro da mata que está há uns 50 metros do fim dos prédios. Nesses 50 metros teremos que correr antes que algum dos rebeldes nos vejam, o carro está equipado para nos dar cobertura, mas a travessia será difícil. — Seus olhos a avaliavam de novo, esperando ver algo que eu não tivesse contado. Claro que se eu falasse tudo que estava sentido naquele momento ele iria querer carregá-la, acabando com toda sua autoestima. O que eram 50 metros de corrida para quem tinha sido arremessada a alguns metros de altura?

— Entendido senhor. — Ela estava pronta. Teria que estar.

— Agora tenente. — Os dois saíram correndo e entraram pela fenda. No final dela, Sebastian a deteve até que achasse seguro para atravessarem. Correram a toda velocidade para achar o carro, que estava tão bem encoberto pelas folhas, que não era possível de ver. Minhas pernas estavam querendo falhar e eu começava a sentir medo de não conseguir chegar até o ponto indicado. Minha arma balançava em minha mão pronta para entrar em ação a qualquer momento e Sebastian não titubeava em sua corrida a minha frente.

Uma rajada de tiros começou a estourar as minhas costas e cobrei do meu corpo tudo o que ele tinha para me entregar.

— Merda! — berrei sentindo todos os meus músculos queimarem. O ar já estava falando e eu sabia que desabaria a qualquer momento.

—Estamos quase lá tenente. — Disse Sebastian virando-se para ver se eu continuava atrás dele.

— Senhor. — Forcei um sorriso. Eu conseguiria de um jeito ou de outro.

Ele se inclinou para a direita e o segui de perto. Por mais que eu quisesse desistir, não podia desistir de mim agora. As folhagens agora ajudavam a nos esconder, mas ao mesmo tempo dificultava a nossa corrida mais rápida.

Pulei alguns troncos caídos e senti alguns galhos baterem em meu rosto e se enroscarem em meus cabelos.

— Quase lá — ele falou novamente me olhando.

Nossos corpos estavam próximos um do outro de novo e a todo momento tanto eu quanto ele olhávamos para trás para ter certeza de que não havia ninguém nos seguindo. Por um momento eu senti todo o meu corpo entrar em estado de alerta, sentindo como se alguém estivesse nos observando ao longe.

— Estamos indo na direção certa, senhor? — questionei e ele parou se virando para mim.

— É por aqui — ele indicou observando atrás de mim.

— Também está sentindo? — perguntei. Meu sexto sentido estava em alerta total, da mesma forma que ficou quando tirei todo meu pelotão do prédio onde a bomba foi implantada. Era uma sensação rastejante. Uma perseguição silenciosa por baixo de minha pele.

— Sim — ele falou me olhando afiado. — Tem alguém por aqui — minha arma já estava apontada e meus olhos vasculhavam todo o perímetro. Sebastian parou as minhas costas me dando cobertura. Era inacreditável que estamos tão pertos de chegar ao nosso destino e morreríamos ali.

— O carro está em qual direção? — falei aos sussurros.

— Mais uns 10 metros — continuamos andando devagar.

— Então vá buscá-los. Eu te dou cobertura — me fixei em um ponto onde a vegetação começou a se mover mais rápido.

— Só pode estar brincando — ele se irritou — Não deixou nenhum soldado meu para trás. — Minha vontade era olhar por cima do ombro. Tenho certeza de que ele estaria com uma de suas piores carrancas e por algum motivo isso me divertia.

— Você tem mais chances de chegar lá do que eu. Eu sei me virar muito bem, senhor. Se fosse buscar ajuda, salvaria nós dois. — disse ainda olhando para a vegetação.

— Eu não vou te deixar aqui, tenente — ele foi firme e me calei. Continuamos andando devagar e aos poucos a sensação foi diminuindo.

— Parece que está se afastando — ele olhou para onde eu mirava. — Acha que..

— Talvez fosse um animal — concordei com ele.

— Então vamos — voltamos a correr e em 2 minutos achamos o caminhão.

Me joguei dentro da traseira do veículo onde mais dois soldados estavam a postos. Me encostei na carroceria de madeira e respirei profundamente.

— Tome — um dos soldados me deu um cantil de água e bebi tudo. Eu estava sedenta.

— Podemos ir. — Ouvi Sebastian dizer.

A fama de que ele era o mais sedutor de todo o acampamento já era conhecido por todos no alojamento. O que não disseram foi que quando ele estava cumprindo a sua missão aquilo se tornava aterrador. O homem se tornava um dominante completo.

Ele se sentou à sua frente e não demorou muito a analisando. Tinha certeza de que os outros soldados estavam tão interessados quanto ele em saber como tinha chegado naquela posição, mas não era nada que já não tivesse sido comentado dentro do acampamento.

Ela era a única tenente ali e precisava continuar com pulso firme para que fosse respeitada, queria chegar longe em suas patentes e não era uma par de olhos bonitos que iriam estragar isso.

Parou para admirá-lo por um minuto, ele era loiro, tinha olhos severos, que percorriam tudo a sua volta em um segundo, eram atentos como os olhos de uma águia, tinha uma boca carnuda, que lhe fazia pensar de como deveria ser beijada por ele, ombros largos que estruturavam todo o corpo, mão grandes que lhe faziam tremer só de pensar em como deveriam ser habilidosas.

Desviou o olhar ou iria começar a suspirar ali, e ela não era do tipo que suspirava. A fama de conquistador de Sebastian a manteria afastada, tinha certeza, e a mesma certeza de que ela não seria o tipo dele.

Nunca se imaginou entrando para o exército, nem sendo tenente ou treinando soldados. No máximo cuidar dos soldados feridos, nisso ela era boa, em cuidar e zelar pelos outros. Algo que somente seus pais fizeram por ela.

Quando entrara para o exército ainda não existia uma guerra que assolava o mundo, eram apenas desavenças entre países e nada que os tornassem ameaçadores. Porém em pouco tempo, as grandes potencias quiseram mostrar o seu poder de fogo e resolveram destruir uma parte do planeta, só para mostrar que não estavam brincando. O caos foi total, todos os pequenos países e os menos favorecidos resolveram se juntar em blocos de proximidades para tentar se proteger, não havia como ganharem se uma guerra explodisse, mas tinham como tentar sobreviver.

Depois de 3 anos a quinta guerra mundial se instalou e desde então a única tentativa de países pequenos é buscar sobrevivência contra os rebeldes infiltrados em seus solos. Estados Unidos, Rússia, Japão, Corrêa do Norte e Emirados Árabes tentam desde então dominar países menores para tentar aumentar sua força de combate.

Com dois anos de guerra pouco restava do Alami, região próxima de onde um dia fora a Austrália e era caracterizada pela junção de todas as pequenas cidades e aldeias daquela região. A fraca estrutura militar e o grande território o fez ser um dos primeiros alvos das grandes potencias. Tudo estava destruído e a pouca população que ainda tinham era dividida em recantos. No momento existiam quatro. Um em cada direção da bússola, denominados de recantos norte, sul, leste e oeste. No centro deles estavam a base do exército que faziam o máximo possível para chamar mais candidatos voluntários para ajudar nas forças de guerra. A destruição entre os recantos era tremenda, mesmo assim a população não deixava de lutar para continuar existindo.

Por mais avançada que fossem as tecnologias, eles não se davam ao trabalho de usá-las, pois as grandes potências tinham dominância total sobre elas. Seus hackers conseguiam obter todas as informações necessárias sobre os alvos.

Eles lançavam vírus novos o tempo todo para que ninguém conseguisse ter um domínio sobre a sua área tecnológica. O que lhes restavam eram os rádios que eles ainda não tinham interceptados e por fim as cartas que levavam tempo demais para chegar ao destino, mas que num momento era as informações mais seguras. Tudo voltou a ser arcaico.

Como eles não havia um país grande que os ajudasse, não existia recursos para comprar aviões ou tanques novos para se proteger.

O que os mantinham de pé era a Fé que tinham na população deles e no exército que se desdobrava em mil para conseguir lidar com os ataques.

Evana se orgulhava de fazer parte de tudo aquilo e proteger os seus. Ela conseguiu ser mais do que sempre sonhou. Ela era a primeira Tenente do Exército de Alami.

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1 Capítulo 1 Evana
21/08/2022
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