Contrato com meu Tutor nos trás a história de Angelina, uma garota inocente que para salvar a vida da mãe se torna a sensual mascarada. ❤️Um romance cheio de luxúria e desejo. ❤️Um homem dividido entre a razão e seus sentimentos. ❤️Uma garota que perdeu tudo, mas encontra nos olhos do jovem médico um incentivo para viver. Venham conhecer Angel e Miguel, um casal cujo o destino colocou frente a frente novamente. Um amor que romperá as barreiras da idade ❣️
Rio De Janeiro
Acordo sentindo os raios de sol batendo em meu rosto , me espreguiço devagar olhando o tempo bonito que faz lá fora . Hoje é sábado e estou me sentindo animada para ir à praia com meus pais, nós sempre fazíamos alguma coisa juntos no final de semana . Lavo meu rosto , escovo meus dentes e desço para tomar café da manhã como sempre a mesa já está posta e mamãe fazia linda panquecas para nós , isso deixava meu dia ainda mais feliz . Éramos uma família de 3 pessoas , pequena para uma família eu sei , porém nem minha mãe nem meu pai tinham famílias próximas a nós .
Chegamos na praia e já sinto a maresia passar por meus cabelos , aquela sensação de paz me preenchendo . Meus pés afundam na areia quente assim que tiro meus chinelos .
Passamos o dia inteiro na praia , fiquei a maior parte do meu dia dentro da água e quando o sol estava quase se pondo meu pai se senta ao meu lado e diz :
- Seu avô me dizia , que quando o sol se põe lá no horizonte ele se afunda na água e podíamos ouvir o barulho dele , você sabia ?
Nem sempre suas histórias eram reais , eram fatos que meu avô que não conheci por ele ter falecido quando eu era bem nova contava . Ele era pescador em um lugar chamado Tarituba em Paraty, aqui no Rio de Janeiro .
Minha mãe sorri com as histórias e minha mente vaga olhando para o mar , meu pai se levanta indo mais perto de minha mãe enquanto eu digo que irei dar mais um mergulho para irmos para casa . Mergulho naquele mar vasto sentindo as ondas puxarem o meu corpo porém não me assusto pois já conheço aquela praia . Mas dessa vez é diferente , uma onda me atinge e meus pés não atingem o chão e assim o desespero me inunda . Tento nadar mais uma vez, mas tudo é em vão , já não vejo meus pés na praia . Quando estou desistindo de lutar com as ondas , sinto mão em torno do meu corpo .
- Peguei você. - O homem diz .
Não consigo dizer nada , apenas olho para aqueles olhos muito azuis . Ele era loiro e bem forte estilo surfista .Fico perdida naqueles olhos por algum tempo .
- Você está bem ? - Ele me pergunta preocupado tirando o cabelo do meu rosto e eu aceno um sim tímido a ele .
Ele me deixa na areia onde meus pais me encontram preocupados e agradecem o meu salvador . O homem vai embora abraçado com uma mulher . Nunca mais esqueceria aqueles olhos , um anjo em forma de homem que salvou a minha vida .
Abro os olhos de repente . Mais uma vez sonhei com esse dia que nunca mais voltaria ,se alguém me dissesse que meus pais um dia se separariam eu iria rir da cara daquela pessoa, até o fatídico dia que cheguei em casa e encontrei as malas do meu pai no hall de entrada, minha mãe chorando sentada no sofá e meu pai apenas me olhando antes de sair e dizer um mísero vai ficar tudo bem. Eu era nova demais para entender o que havia acontecido , pois na minha cabeça meus pais haviam nascido um para o outro , nunca presenciei uma briga deles . Mas no final vi que minha mãe fez isso para me proteger.
Nunca mais vi meu pai depois daquele dia, minha mãe me disse que ele acordara naquela manhã e apenas lhe comunicou que estava indo embora, que ele tinha outra mulher. Fiquei com pena do semblante pesado que minha mãe carregava , as olheiras em nuances dando destaque a sua pele .
E minha família de comercial de margarina se desfez em passe de mágica, eu que sempre tive tudo que quis, que estudei nos melhores colégios e vestia as melhores roupas, vi dia após dia minha mãe se tornando a sombra do que ela era.
A casa onde morávamos havia sido hipotecada pelo meu pai, e ele simplesmente não pagou a hipoteca, e em uma tarde qualquer apareceu um engravatado na porta segurando um papel dizendo que tínhamos dez dias para sair da bela casa.
Mamãe e eu nos mudamos para um pequeno apartamento, que na verdade nem tínhamos condições de pagar , fiquei sozinha meu amigos me abandonaram sobrou apenas Stefany que sempre ficou do meu lado . Nós tínhamos uma boa vida e hoje posso ver o tanto de regalias que eu tinha .
Era uma tarde como outra qualquer, eu havia chegado do colégio e mais uma vez encontrei minha mãe desmaiada, efeito do álcool que a consumia há anos, que a fez deixar de ser a mãe exemplar e professora de primário dedicada que sempre foi. Desde que meu pai nos abandonou quando eu tinha quatorze anos, ou seja, três anos atrás, mamãe até então uma mulher linda e virtuosa passou a beber cada vez mais, no começo era uma taça de vinho e uma música triste, depois da taça passou a ser uma garrafa por noite e aí o fundo do poço foi ficando cada vez mais perto, ela já não conseguia lecionar, tomar conta de mim ou menos ainda dela mesma.
Os porres começaram a ser rotineiros e os dias em que a via sóbria era cada vez mais distante. As dívidas começaram a aumentar e eu que ainda era uma garota tive que procurar um trabalho de meio período para termos ao menos o que comer e pagar as contas de casa. Eu tinha tantos sonhos, tantos planos, tanta coisa pra fazer... Mas todos esses foram corrompidos pelo vício de minha mãe. E como nos outros dias em que eu chegava para comer algo e colocar o uniforme da pastelaria da esquina onde eu trabalhava todos os dias até às dez da noite, eu encontrei mamãe desmaiada, mas algo estava diferente ela não respondia aos meus chamados não esboçava qualquer sinal de vida, eu então liguei para a emergência. Em poucos instantes a sala do meu minúsculo apartamento estava repleta de paramédicos e enfermeiras que a levaram para o hospital quase sem vida. Pego meu telefone desesperada e digito o número do meu pai , o único familiar que eu tenho além da minha mãe nessa vida .
Ele atende mas parece não reconhecer a minha voz .
- Papai . - Digo em um ímpeto .
- Quem é ? - Ele diz seco
- Sou eu a Angelina . Preciso de sua ajuda ! A mamãe ela ... - Ele não me deixa terminar.
- Angelina , seja o que for que você vá falar de sua mãe, eu apenas não quero saber . Por favor, não me ligue mais .
Ele desliga e eu caio sentada em um dos bancos do hospital .
Eu não tinha ninguém por mim , não sabia como seria se minha mãe morresse naquele hospital .
Eu sentia algo errado, sentia o ar faltar em meus pulmões, não tínhamos mais ninguém além de nós duas, eu por ela e por mim, eu ouvia uma moça me chamar, mas a voz dela estava longe, até que ela intensificou a voz e eu despertei de meus pensamentos.
-Angelina? Angelina Santinni?
-Sim sou eu, como está minha mãe?
Eu olhava atentamente a recepcionista à minha frente, tentando decifrar qualquer atitude dela.
-Ela ainda está sendo atendida, porém preciso que você assine a internação dela, vi aqui que tem dezessete anos, porém disse que é emancipada. Acenei com a cabeça confirmando a informação.
Foi uma das poucas coisas que consegui de mamãe depois do álcool, ela já não ia a reuniões escolares, ou consultas médicas então a pedi para me emancipar e ela assim o fez e hoje eu aos dezessete anos era responsável por mim e por ela..
-Sim, claro eu assino, mas preciso saber como está minha mãe-digo.
-O médico responsável virá falar com você em alguns minutos-a recepcionista diz.
-Obrigada-agradeço.
Ela acena e me olhar com pena e é aí que sei algo está errado eu sentia, Eu estava próximo a janela quando ouvi meu nome ser pronunciado me tirando de meus pensamentos, ele vinha caminhando com alguns papéis na mão e pose de quem tudo sabe.
-Angelina? É isso mesmo né?
-Sim, isso e você é?
Ele me olhava como quem olha uma obra de arte parecia estar hipnotizado.
-Oh perdão, não me apresentei, sou o Dr Miguel Camparas, sou o médico responsável pelo atendimento de sua mãe, vim lhe atualizar sobre o estado de saúde dela-ele diz.
-Ah sim claro-digo.
Ele era o médico de minha mãe, e o homem mais bonito que eu já havia visto na vida, ele era alto, tinha uma leve barba, pele clara, os olhos de um cinza quase azul, porém sombrios. Me lembrava alguém , mas não sabia que era . Não parecia ter mais de trinta e cinco anos, e definitivamente era muito charmoso.
E então quando ele novamente disse meu nome eu saio do transe que a beleza dele havia me colocado.
-Angelina, precisamos falar sobre o estado de sua mãe-ele diz.
Ele passava a mão delicadamente sobre o meu braço, e eu estava estática com aquele toque.
-Sim, pode falar-eu esperava por notícias boas, porém temia não as tê-las.
-O quadro de sua mãe é complicado, ao fazer alguns exames constatamos um aneurisma cerebral, onde retirá-lo cirurgicamente seria de extremo risco para ela, porém o tratamento sem a cirurgia é desgastante e acima de tudo caro. Não sei como são as finanças de vocês, mas como vejo que está aqui só, creio que sejam só você e ela-ele diz com pesar.
-Sim você está certo, somos somente nós duas, e toda nossa renda vem do meu trabalho de meio período em uma lanchonete perto de casa-digo.
-Angelina esse tratamento é muito importante sem ele sua mãe pode morrer a qualquer momento, mas preciso que me autorize-ele diz.
Eu não sabia o que fazer, eu temia pela vida de minha mãe, mas temia também não conseguir pagar seu tratamento, que, aliás, eu nem conseguia imaginar de onde eu arrumaria dinheiro para tal.
Era fim de ano, as luzes de Natal já estavam por toda cidade, famílias já se aglomeravam em shoppings e praças para tirar fotos com o bom velhinho. E eu estava sem saber o que decidir sobre a vida da minha mãe. Fui despertada pelo toque do meu celular, era Stefany, ou melhor, Tete minha melhor amiga, ela também trabalhava naquela espelunca, mas ela não tinha boas notícias, meus patrões não quiseram nem ouvir o meu problema e me mandaram embora, só pediram pra eu passar no dia seguinte para receber os últimos dias de trabalho, que mal dariam para o táxi de casa até o hospital. Eu já não conseguia imaginar o que fazer, ou como eu iria pagar por aquele tratamento, mas me enchi de coragem e disse:
-Dr Miguel pode iniciar o tratamento de minha mãe-digo.
Ele viu o medo em meus olhos, mas apenas assentiu com a cabeça e saiu andando pelo corredor do hospital.
Meu celular tocou novamente, e era Tete mais uma vez, disse que me encontraria em casa e que levaria uma pizza. Minha mãe estava bem, e dormindo então eu talvez pudesse ir para casa tomar um banho, sai do hospital depois de mais uma vez pedir para a enfermeira que me ligasse caso houvesse qualquer mudança no caso da minha mãe. Eu tinha que ser forte, por mim e acima de tudo por ela.
Peguei um ônibus em frente ao hospital, afinal era para o que dava o dinheiro que eu tinha no bolso.
Desci em frente ao meu prédio, fui recebida pelo Sr Manoel o porteiro do prédio que com muito carinho e cuidado desejou melhoras a mamãe, o avisei que minha amiga viria e que não precisaria avisar.
Subi até nosso apartamento, e me sentei no sofá, deixei então que as lágrimas tomassem conta de mim, e em meio a tantas lágrimas me questionei o porquê, porque eu tão nova teria que passar por aquilo tudo, porque as coisas não poderiam ser diferentes.
A campainha tocou era Sthefany, que já entrou toda sorridente como sempre.
-Ei chapeuzinho! -era assim que ela me chamava por causa de um agasalho vermelho que eu sempre usava.
-Oi Tete, que bom te ver, achei que iria trabalhar até tarde hoje-digo.
-Na verdade até ia, mas você precisa de mim e cá estou. Mas vamos mandar esse baixo astral para bem longe, porque sua mãe não morreu-ela diz.
-É, não, mas se eu não pagar o tratamento ela vai morrer, e eu não tenho dinheiro pra isso e agora estou desempregada-digo entre soluços.
Sthefany andava de um lado para o outro pela sala pequena, parecia que ia falar algo e depois voltava atrás.
-Angelina, escute, me ouça há um jeito, mas eu não sei o que você pensa sobre isso-ela diz.
-Está me assustando Tete, fala logo-digo.
Foi quando ela se sentou no tapete e cruzou as pernas uma sobre a outra e disse:
-Chapeuzinho, você sabe que com o que ganho naquela espelunca não compraria nenhuma de minhas roupas, ou sapatos, menos ainda um celular como o meu-ela mostra o aparelho.
-Sim eu sei, mas você ainda trabalha a noite na lanchonete da faculdade né-digo.
-Não, eu não trabalho na lanchonete da faculdade-ela sorri.
Eu a olhava, sem entender, será que minha melhor amiga vendia drogas e eu não sabia.
-Anda Sthefany me diz, está me assustando, o que você faz? -questiono.
-Eu sou garota de programa-ela diz.
Eu a olhava espantada, eu jamais imaginaria, que minha melhor amiga pudesse se vender de tal forma.
-Como assim Tete? Por quê? -eu a olhava incrédula.
-Por que eu gosto, eu gosto de me sentir desejada, eu gosto que os homens me queiram eu gosto do luxo, do sabor do Bourbon na boca, do cheiro de perfumes e sexo, da luxuria e gosto do dinheiro, de muito dinheiro que isso me dá-ela diz.
-Como você pode gostar disso? De ser escolhida, de se deitar com quem você não deseja? -pergunto.
-Ai que está a diferença na Lux quem escolhe somos nós, nós escolhemos com quem queremos transar, estamos mascaradas lá, usamos outros nomes e apelidos, somos outras pessoas, somos quem queremos, e você pode ser quem você quiser lá-ela diz entusiasmada.
-Desculpe Tete, não me vejo fazendo isso eu não consigo nem imaginar ser tocada por outro homem, já sofri demais com o Fernando e não isso não é para mim-digo.
Fernando passou pela minha vida e deixou tudo uma bagunça. Ele gostava da garota arrumadinha e que tinha tudo, mas depois que perdi todos os meus bens e comecei a ter que procurar emprego Fernando me trocou pela mais piranha das garotas da escola e isso até hoje me dói pensar. Eu não sou assim , respeito que minha amiga trabalhe dessa forma, mas eu não sei . Isso não é pra mim de forma alguma .
-Tudo bem respeito sua opinião e decisão só falei porque tu precisava da grana-ela dá de ombros.
-Não se preocupe, Tete vou achar outra maneira-digo.
Tete era mais velha que eu dois anos apesar de não parecer, era uma típica mulher latina, tinha olhos e cabelos escuros, corpo curvilíneo, qualquer homem se interessaria por ela, já eu era só mais uma menina qualquer, sem grandes atrativos, eu jamais chamaria atenção em uma boate.
Passamos mais algum tempo conversando e por algumas horas consegui esqueci de todos os problemas ,mas quando Tete saiu pela porta toda a ansiedade que estava guardada voltou eu fiquei pensando em tudo que ela havia me falado sobre o tal emprego dela, eu pensava em quanto seria difícil fazer isso, eu não me imaginava com outro homem. Eu havia perdido a virgindade com meu ex, o Fernando , ele havia sido meu primeiro namorado e eu o tinha amado muito, porém nunca consegui perdoá-lo por tudo .
Desde então eu não havia me relacionado com outro homem, usei o estado de minha mãe como desculpa, mas a verdade é que ter namorado meu professor de matemática e ter sido traída por ele me causou um dano muito grande.
Fernando era dez anos mais velho que eu e já sabia muito da vida, eu que como uma adolescente boba me deixei enganar e me iludir com falsas promessas de um amor que nunca existiu. Eu acho que na verdade passei a ter medo do amor, medo de me apegar e me decepcionar novamente. Fecho meus olhos na tentativa de pegar no sono mas só o que consigo ver eram aquelas olhos azuis daquele médico ele tinha algo que eu não conseguia explicar , me passava uma segurança fora do comum mesmo tendo conhecido ele a poucos dias nunca senti essa segurança com ninguém ,nem mesmo com Fernando. Acabei adormecendo na sala, com a tv ligada e acordei assustada quando o telefone tocou.
-Alô!-atendi ao telefone ainda sonolenta.
-Alô é a Angelina? Aqui é do Hospital, o estado de sua mãe piorou precisamos que venha até aqui-uma mulher diz.
-Já estou indo-respondo.
Me visto rapidamente e chamo um carro por aplicativo, peguei minhas últimas economias na gaveta do criado mudo em meu quarto e desci para a portaria para esperar o motorista que não tardou a chegar.
Cheguei logo no hospital e fui entrando direto para o quarto de minha mãe, quando entrei o Dr Miguel estava com ela e ao me ver desesperada ele veio ao meu encontro.
-Calma menina, ela está melhor agora, mas precisamos entrar com outra medicação, mas essa tem um custo maior-ele diz.
Eu já não sabia o que fazer, minha mãe precisava desse medicamento, ela precisava viver porque eu precisava dela.
Dr Miguel me disse que ela estava sedada que demoraria a acordar novamente, que o tratamento era demorado e que a manter assim era melhor para ela, me explicou novamente todos os passos e como ela reagiria aquilo tudo.
Após ele me explicar passo a passo o que aconteceria, ele saiu do quarto, eu fiquei ali por mais alguns minutos olhando minha mãe, e conversando com ela, eu sabia que ela podia me ouvir de alguma forma.
-Mãezinha, por favor, não me deixe aqui sozinha, seja forte eu preciso de você, me perdoe mãezinha, mas um dia você vai entender que tudo que irei fazer é para não te perder e lembre-se que eu te amo.
Beijei a testa de minha mãe e sai do quarto. Caminhei pelos corredores daquele hospital silencioso pensando em tudo que eu tinha vivido nas últimas vinte e quatro horas. Em tudo que a minha vida havia se tornado, eu tinha tantos sonhos, tantos planos. Eu arrumaria um jeito, ou não me chamo Angelina Santinni.
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