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Midas Touch

Midas Touch

5.0
1 Capítulo
7 Leituras
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"Nunca fui apaixonada por carros, tinha medo da velocidade, mas ele transpira adrenalina, e de alguma forma não parece assustador quando ele está no volante." Antônia Soares está prestes a esquecer a vida pacata do interior e dar sinal verde para a relação mais caótica que teve na pista. Quando concordou em encontra-lo na praia de Torres no Sul do Brasil, não tinha noção que estava lidando com Pietro Lancellotti, é um mundialmente famoso piloto de formula 1

Índice

Capítulo 1 Acasos do destino

Por muito tempo achei dirigir um ato imprudente e perigoso. Por crescer em São Paulo nunca realmente precisei dirigir, pelo menos não até os 20 anos, quando me mudei para Campo Bom, uma cidadezinha, ou talvez menos que isso, no interior do Rio Grande do Sul. O motivo? O que chamo de surto psicótico pós divórcio da minha mãe. Dona Charlotte Soares, agora novamente Charlotte Durand, tinha uma descendência paterna da região sul que resolveu explorar depois de todo o caos.

Honestamente, não acreditei em uma palavra de seu discurso sobre como agora que estava livre do meu pai, podia se descobrir como pessoa, iniciando por suas raízes. Tenho certeza que mamãe apenas pesquisou no google as cidades menos populosas e mais distantes de São Paulo possíveis, e fez um Uni Duni tê entre as opções. Ainda mais, que com a revelação, ou o que apelidei de show de chifres trocados, a única que saiu numa saia justa, foi ela. Não havia certos em meio aquela confusão, mas todos tomaram o partido do meu pai. Afinal uma mulher de família, não poderia de forma alguma ter um caso com seu funcionário. Mesmo que o marido estivesse fazendo a mesma coisa, a muito mais tempo, e com uma lista bem variada de mulheres. No fim das contas, eu tive que tomar o partido dela. Deixando a faculdade de administração em uma pausa temporária.

Todos disseram que era loucura seguir minha mãe nessa sua aventura nem um pouco planejada, mas como sua filha não podia deixa-la sozinha. Principalmente, por que eu melhor do que ninguém sabia que no fundo ela só estava fugindo de todo o julgamento. Que jamais teve nenhum interesse real em Paulo, o secretário jovem e charmoso. Ela apenas queria preencher uma ferida causada por um vazio.

Quanto a faculdade e meu próprio futuro. A primeira coisa que percebi com tudo isto é que nunca quis cursar Administração, apenas queria deixar o meu pai contente, ele desejava um herdeiro sucessor para cuidar dos negócios que herdou de meu avô, mas aos 60 anos não era mais viável, como sua única filha, me forcei a fazer este esforço. Convencendo a mim mesma que tinha talento para coisa. Algo que minhas notas medianas e falta de animo com o curso negavam. A verdade é que não tenho ideia do que quero fazer da vida.

Contudo, não é hora para esse assunto. Volto minha atenção para a máquina na minha frente. Como dizia, ao me mudar para o interior tirar a habilitação se tornou imprescindível e com ela desbloqueei um novo medo, morrer em um acidente de carro. Respiro fundo antes de entrar na maquina mortífera, conhecido como carro, o meu Peugeot 208 verde oliva (minha cor favorita), presente do meu pai. Acho que um tipo de compensação. Já que ele deve se sentir culpado ou algo do tipo. Coloco o sinto e passo os olhos pelo painel. Novamente colocando na balança, é um dia de sol, uma sexta-feira, antes do feriado nacional de 7 de setembro, Segunda-feira. O que gera um feriado prolongado. O momento perfeito para pegar a estrada e me aventurar a conhecer uma das praias. Antes que surte completamente por me sentir completamente presa nesta cidadezinha sem nada para fazer.

Não que fosse o tipo de jovem que frequentava festas e eventos, mas até o clima de paz e tranquilidade já tinha me enchido. É possível alguém se cansar de estar tranquilo? É o que parece. Sinto falta da agitação. Dos arranha-céus que me impediam de ver o céu. Do mato ser um pedaço limitado, invés de estar por toda parte. Do barulho. Quem sente falta de algo assim? Eu aparentemente. Parece que se quer estou na realidade. Quando chegamos achava bonito, charmoso. Agora estou quase pirando.

Ligo o motor e suspiro. Ligo o som deixando que a musica me tranquilize. É a viagem mais longa que já fiz, mais de duas horas de carro, mas vai valer a pena. Preciso ver pessoas, ainda que não planeje conversar com ninguém, apenas sentar-me na areia da praia e ler um livro. Conecto o celular no rádio e deixo que minha playlist A-list muito americana mude meu humor. Nada como um pouco de Taylor Swift para me sentir eu mesma. Coloco os óculos de sol quando a luz no meu rosto começa me incomodar e a lente amarelada deixa tudo um pouco mais saturado. Quando chego a rodovia a velocidade limite aumenta e forço-me a fazer o mesmo, assistindo o velocímetro sair do seu habitual 20 km por hora. Prendo a respiração vendo o ponteiro marcar os 60 km. O limite na via RS-474 é 80 km para os veículos leves. Vejo vários veículos ultrapassando e piso no acelerador. O carro não demora a começar a pegar velocidade e o meu coração dispara, mas com o tempo estabilidade nesta velocidade faz com que me acostume, ainda que o máximo que consegui ir foram 70 km/por hora, o costume é suficiente para os meus batimentos voltarem ao normal.

Um sorriso surge no meu rosto e mensagens pipocam na tela do celular. Forço-me a não olhá-las. Foco na estrada! Sunroof do Nicky Youre preenche o carro e a vibe da música me traz um conforto inexplicável. Quando me dou conta, estou batucando os dedos no volante, e movendo levemente a cabeça no ritmo. Não demora para me ver cantarolando a letra animadamente. Estou realmente dirigindo, penso comigo mesma. Há poucos carros na via. Acredito que a maioria ainda está trabalhando, afinal é sexta, em horário comercial.

Uma hora mais tarde já estou gritando ao som de Stay da Rihanna. Completamente ciente das janelas abertas, e que se qualquer um que passar ao me ouvir, além de me achar uma maluca, terá dor de ouvido, por que sou extremamente desafinada.

O som alto é interrompido pelo roncar de um motor. Vejo pelo retrovisor um carro se aproximando em alta-velocidade, com certeza acima do 100km, permitido na Br -290. Se trata de um carro esportivo espalhafatoso em um tom laranja pôr do sol, claramente alguém que não tinha a menor intensão de passar despercebido. Reviro os olhos quando o carro passa em alta velocidade por mim.

Apenas para alguns segundos depois a pista se abrir para revelar um pedágio. Percebo o carro laranja reduzir bruscamente. Idiota. Mais um pouco e teria batido na caminhonete na fila. Acho que esse tipo de pessoa tem um anjo da guarda muito bom. Segui para a fila ao lado. Começo a caçar pelo carro o dinheiro que separei para o pedágio. Nesse momento o meu olhar viaja para o carro ao lado, sendo este o carro laranja. Os vidros escuros se abrem revelando um moreno com cabelos iguais aos de Leonardo Di Caprio em Titanic, usando óculos escuros, exibindo um sorriso cafajeste. Revirei os olhos com sua tentativa de chamar atenção. Percebo seus braços tatuados, o jeito italiano. Ignoro. Garota errada, penso. Então dou um pequeno sorriso antes de fechar os meus vidros, mesmo que eles não tenham nenhuma película. O rock vindo do caro dele e desnecessariamente alto e chega até a vibrar os vidros do meu pequeno Peugeot. Por sorte a fila que estou anda e a dele parece congestionada, graças ao senhor de meia idade no começo dela. Dei um pequeno aceno ao moreno sentindo-me estranhamente satisfeita com o fato.

Volto a prestar atenção no som do radio que preenche o carro. Um olhar rápido no celular percebo que estarei na praia em menos de meia hora. Sinto o estomago reclamar. Deve ter algum restaurante perto de Torres. Há algumas mensagens da minha mãe na tela. Só o típico de mãe, se estou bem, que ela pode me buscar qualquer coisa, para avisa-la quando chegar. Nada que precise responder agora. Sem falar que a maioria dos acidentes de hoje em dia são causados por pessoas dirigindo enquanto usam celular.

Um som alto me acorda e antes que meus olhos vão para o retrovisor percebo o laranja por do sol ao lado do meu carro. Esse cara é maluco? Questiono-me. Ele está com as janelas abertas e o som tão alto que consigo identificar com perfeição o som do Ghost. O cara pede para abaixar o vidro, mas finjo não entende-lo, e mantenho os olhos na estrada. O que não parece deixa-lo contente já que o mesmo acelera fazendo o motor roncar, não por dificuldade, pelo contrário, apenas exibindo sua potência. É quando vejo avançar na pista me deixando para trás, mas entrar ficando exatamente na minha frente. O meu susto é tão grande que piso no freio por impulso. O vejo fazer o mesmo e encaro a traseira iluminada e a placa personalizada M1D4S abaixo do escrito Lanborghini em caligrafia. Babaca!

Ele coloca parte do corpo para fora e grita "Abaixo o vidro" é o que faço. O que esse maluco quer afinal? O moreno parece satisfeito com a atenção. Enquanto eu apenas agradeço por a via estar praticamente vazia. Ele joga o carro para a pista ao lado e alinha nossos vidros.

- Pega! - Ele diz e antes que raciocine percebo que o mesmo jogou algo para dentro do meu carro. Assustada quase tenho um ataque cardíaco. Vejo no chão do carro um iphone novinho. Ele acabou de jogar isso? Devia usar para ligar a um psiquiatra.

Então tão de repente quanto surgiu, o carro laranja desapareceu. Sendo assim segui meu caminho para a praia. O resto do caminho é tranquilo, chegando-me a fazer esquecer completamente dos eventos anteriores. Seja lá quem fosse aquele cara, não importava o quanto bonito era com o rosto anguloso e fino, o olhar sedutor e o estilo despojado. Por que ainda estou pensando nisso? Deve ser porque ele tinha uma feição única.

Resolvo deixar o assunto de lado. Estou entrando na praia de qualquer forma. Coloco o aparelho arremessado na minha bolça, junto do livro, protetor solar e outros itens. Deixando o automóvel e pegando no porta malas uma cadeira de praia. Há algumas poucas pessoas na praia, algo único pensando no tempo, na questão de ser antes de um feriado. Consigo um lugar favorável para colocar meu guarda sol e a cadeira. Mexo na bolça, pego o livro "Narnia" de CS Lewis e estou pronta para entrar no mundo dentro do guarda roupa quando um som estranho soa. Confusa, olho para aqueles ao meu redor, não há ninguém perto o suficiente para justificar o volume, parecia literalmente estar ao meu lado, é quando dou-me conta que se trata do iphone. Encarro o aparelho antes de deslizar a seta para o lado. O número não está na lista de contatos, em todo caso seria desconhecido para mim. Inicialmente penso em desligar, mas acabo por atender.

- Aló?- pronuncio incerta se deveria estar atendendo.

- Olá, Bella. - Uma voz máscula responde.

- O meu nome é Antônia. Este telefone não é meu e não faço ideia de quem é Bella. - rebato e escuto uma risada, estranhamente agradável de se ouvir.

-Bella significa bonita. É bom finalmente saber seu nome Antônia - ele diz, o meu nome soa diferente com seu sotaque carregado. Por algum motivo me soa como um gringo.

- O cara do carro laranja - verbalizo em voz alta ao me dar conta. Outra risada soa.

- Pode me chamar de Pietro. Aonde estas? - ele pergunta.

- Por que responderia? - respondo sem pensar. O que esse cara quer afinal? Eu não vou contar minha localização a um estranho.

-Bein, me parece que acabei esquecendo o meu celular com você, Amore mio - informa com uma pitada acida em suas palavras. Merda! Desajeitamento tento ver a imagem na tela de bloqueio, quando consigo a imagem de um moreno dirigindo, o mesmo moreno que vi na estrada, surge. Como se o fato dele ter jogado no meu carro não fosse prova suficiente de que pertencia a ele para começo de conversa. A questão é que ele acabou de me forçar a encontra-lo, ou pelo menos é o que ele queria. Eu não devo nada a esse cara - Você que sabe, cuore (coração), sei a sua placa, posso denuncia-la por roubo - ele continua como se pudesse ler minha mente.

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Mais Novo: Capítulo 1 Acasos do destino   06-07 00:19
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